BRASIL

CPI do Empréstimo provoca troca de acusações e bate-boca na Câmara


A discussão durante a sessão de ontem da Câmara, em torno da criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que irá apurar supostas irregularidades no pagamento, por parte da administração municipal, de empréstimos contraídos por servidores junto a uma instituição financeira, foi marcada pelo clima eleitoral e ainda com o registro de bate-boca, acusações e ameaças. As manifestações tanto da oposição quanto de integrantes da base de sustentação do governo Vitor Lippi (PSDB) aconteceram um dia após o o juiz titular da Vara da Fazenda Pública, Marcos Soares Machado, conceder liminar na qual determina o desarquivamento da CPI. Os membros deverão se reunir amanhã, às 14h, para a definição do presidente e relator. A preparação da defesa na tentativa de derrubar a liminar não está descartada pelos governistas.
Toda a discussão teve início a partir das declarações do vereador Caldini Crespo (DEM), que após fazer a leitura em plenário do despacho do magistrado, comunicou os membros sobre a data da primeira reunião dos integrantes da CPI, na próxima quinta-feira, às 14h, para a nomeação do presidente e do relator. Foi além e disse esperar um trabalho sério dos membros e que qualquer falta de seriedade e boicote será comunicado "imediatamente" ao juiz para tomar as providências. Foi o suficiente para que o vereador Irineu Toledo (PRB) se sentir ameaçado e revidar: "Essa determinação judicial não lhe dá autoridade para nos ameaçar. Nós somos parlamentares como o senhor. Não é porque o senhor e o vereador (Francisco) França conseguiram uma liminar que nós vamos ficar aqui, durante toda a CPI, sofrendo ameaças do senhor. Não votamos para escolher nem o presidente e muito menos o relator. Então, vossa excelência ainda não tem autoridade". "Sua crítica não tem fundamento. Não houve nenhuma palavra de ameaça, porquanto vossa excelência está equivocado", contra-argumentou Crespo.
Irineu Toledo foi além e acusou o vereador do DEM de usar o fato como palanque pré-eleitoral, visando às eleições municipais de 2012. Questionou ainda o fato de Crespo não ter impetrado ação popular quando as denúncias foram inicialmente apresentadas, há cerca de cinco anos, quando ainda era deputado. "O vereador Crespo entra por um caminho onde para ele aparecer ele tratora qualquer um. Está usando o Legislativo como um palanque pré-eleitoral. Não precisa nem eu estar falando aqui, toda a cidade já sabe. Vossa excelência tem um complexo de superioridade fenomenal. O senhor é melhor em tudo.... Mas porque o senhor não ajuizou uma ação popular à época e deixou agora, em plena proximidade das eleições municipais de 2012", disparou.

E as minhas obras?

Já o vereador Gervino Gonçalves (PR), mais conhecido como Cláudio do Sorocaba 1, que faz parte da base aliada e que havia se ausentado da reunião, na semana passada, na qual houve a votação do requerimento que culminou com arquivamento da CPI, ontem rasgou afagos a Crespo e a França por terem obtido êxito com a liminar. Porém, segundos depois mudou o foco do assunto e começou a desferir críticas à administração, diante de obras não realizadas em seu reduto eleitoral, solicitadas por meio de emendas parlamentares. "O segundo mandato do prefeito Vitor Lippi não começou ainda. Acho que no dia 31 de dezembro de 2012 começa a administração. Porque até agora não começou. Pegaram todos os projetos do ex-prefeito e tocaram, pois as coisas estavam caminhando. Depois que acabou, mais nada aconteceu", disse. Vale destacar que no dia anterior, Gervino Gonçalves se encontrou com o ex-prefeito Renato Amary, no gabinete do presidente da Casa, Marinho Marte (PPS).
O petista Izídio de Brito aproveitou o embalo e também criticou a atitude dos 14 colegas que assinaram o documento que pedia o arquivamento da CPI, sem poupar elogios a atitude tomada pelos companheiros de oposição, Francisco França e Caldini Crespo.
Anselmo Neto (PP) classificou a CPI como um ato político na tentativa de disputa de poder com o Executivo. "Se faz tempestade em copo d"água quando tenta usar de forma política questões que deveriam ser em favor do povo. A verdade é que ninguém está preocupado se o dinheiro foi pago ou não foi pago. O que está em jogo aqui são pessoas querendo poder da Prefeitura. É isso que é duro. E agente entra nessa história, já que fui nomeado pelo presidente, e fica se queimando. Eu digo a população: não se deixem enveredar por disputas de poder", afirmou.