CADERNO DE DOMINGO

Anésia Pinheiro Machado: História da aviação brasileira fez escala em Itapetininga


A primeira mulher a realizar um voo solo no Brasil também nasceu em Itapetininga. Na cidade, não são tantos os que se lembram do feito de Anésia Pinheiro Machado, que teve a memória perpetuada numa estátua em bronze na região central. A aviadora nasceu em junho de 1902, e faleceu em maio de 1999. Cremada, ela teve as cinzas depositadas em urna que se encontra guardada no Museu do Cabangú, município de Santos Dumont, Minas Gerais.
 
Anésia começou seus estudos na aviação em dezembro de 1921, na cidade se São Paulo. Teve o interesse despertado para voar ainda criança. Em 17 de março de 1922, já faria seu primeiro voo solo numa aeronave Caudron - G3. Um Mês depois, recebe o brevet internacional de número 77 da Federação Aeronáutica internacional (FAI) pelo Aeroclube do Brasil. Em setembro do mesmo ano, realiza o voo interestadual entre São Paulo e Rio de Janeiro, em comemoração ao Centenário da lndependência.
 
Tornou-se a primeira "raid woman" ("mulher veloz", no jargão aeroviário) brasileira. Graças à proeza, foi cumprimentada pelo próprio Alberto Santos Dumont por meio de carta. Em julho de 1924, Anésia participa da Revolução junto com os capitães Joaquim, Juarez Távora e Índio do Brasil, com os quais foi presa e, posteriormente, liberada por golpe de revoltosos. Em meados de 1939, retoma as atividades aeronáuticas, voando a Porto Seguro para receber Gago Coutinho.
 
Em julho de 1940, recebe a licença nº 271, do DAC, para piloto privado. Anésia foi, ainda, a primeira aviadora brasileira a prestar exames e a obter licença de piloto de aeronave comercial. Depois dessa, conseguiu as de instrutor de voo, de piloto de voo por instrumentos e a de instrutora de Link Trainer, nos Estados Unidos. Em fevereiro de 1951, Anésia realiza o voo transcontinental em aeronaves monomotora, com a aeronave Kian-Navion Super 260, de NY para o Rio de Janeiro.
 
Cruza a Cordilheira dos Andes pelo Paro do Aconcágua, de Santiago do Chile e a Mendoza na Argentina, utilizando a rota comercial. Em 1952, participa da grande Revoada da Amizade e, em 1954 é oficialmente reconhecida e proclamada pela Federação Aeronáutica internacional (FAI), na Conferência de Istambul. O currículo da aviadora destaca ter sido ela, mais, decana Mundial da Aviação, já que foi a detentora do brevet mais antigo do mundo ainda em atividade de voo.
 
"Anésia Pinheiro foi uma mulher à frente do seu tempo. Conquistou menções honrosas e condecorações das mais importantes. Para nós, de Itapetininga, é um orgulho saber que uma conterrânea alçou voos tão altos, sem abusar do trocadilho. Temos muita satisfação de saber que a cidade ajudou a escrever a história da aviação brasileira, e que Anésia obteve reconhecimento de ninguém menos do que Santos Dumont", comenta o pesquisador Helio Rubens Arruda de Miranda. (J.A.R.)