ECONOMIA

Oferta de emprego se retrai em Sorocaba em relação a 2013

Marcelo Roma
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Achar uma colocação no mercado de trabalho em Sorocaba não está tão fácil como era no ano passado, pelo menos nos setores de comércio e indústria. Em 2013, as vagas no comércio sobravam na cidade, com pouca gente para ocupá-las. A abertura de novos shopping centers e a expectativa para o Natal, no segundo semestre, promoveram uma caça aos trabalhadores. Nas agências de recursos humanos, era maior o movimento de empregadores em busca de empregados. Essa tendência se inverteu. Atualmente, há mais candidatos que aparecem nas agências e menos empregadores dispostos a contratar, de acordo com a diretora da Gradus RH, Célia Guilhen.

Para o presidente do Sindicato dos Empregados no Comerciário de Sorocaba (Sincomerciários), Ruy Amorim, as demissões neste período do ano já são esperadas, e os números, até agora, não são preocupantes. Segundo ele, há um contraste maior por causa do grande volume de contratações no ano passado. Segmentos do comércio, no entanto, estão contratando, diz Amorim, como o de supermercados. "Há procura por mão de obra e novos supermercados continuam sendo inaugurados na cidade", conforme o presidente do Sincomerciários.

Em relação a lojas de roupas, calçados e também concessionárias de veículos, cujos trabalhadores são abrangidos pelo sindicato, "há uma normalidade", avalia. De acordo com Amorim, o volume de dispensas não é significativo, assim como o de contratações. Para ele, a principal dificuldade para o comércio e que prejudica na hora de contratar é a falta de qualificação. A pessoa que procura trabalho e está bem preparada raramente fica desempregada, diz o presidente do Sincomerciários.

O sindicato promove cursos gratuitos de qualificação para os comerciários, mas estranhamente e apesar da divulgação existe pouco interesse, diz Amorim. Entre os principais cursos estão inglês e técnica de vendas.

Segundo o presidente do Sincomerciários, no início do ano normalmente há demissões de trabalhadores temporários, que foram contratados para as vendas de Natal. É um efeito sazonal que às vezes é confundido com um desaquecimento do mercado. Em relação às demissões, ele considera que os números não são alarmantes e que os novos empreendimentos comerciais na cidade indicam confiança dos empresários, embora neste meio do ano pequenos comerciantes já sintam os efeitos de uma redução do consumo.

A diretora da Gradus RH acredita que passado o período das Copa e com algumas medidas a serem tomadas pelo governo, para incentivar as vendas de veículos por exemplo, a economia possa voltar a crescer, com reflexos positivos no mercado de trabalho. Ela vê atualmente um quadro de retração, motivado pela inflação, eleições e até por causa da Copa, por causa dos dias a mais parados.

De acordo com Célia Guilhen, demitidos da indústria em Sorocaba nos últimos meses estão a procura de novas colocações. O setor de autopeças, que é forte na cidade, se ressente por causa da queda na venda de veículos. Segundo ela, esses desempregados querem retornar à indústria, mas que, por enquanto, não está contratando, a não ser em áreas específicas.

Em sua agência de RH, a procura por vagas de trabalho aumentou cerca de 30% em relação ao ano passado, conforme Célia. Hoje está mais difícil conseguir um emprego, porque as ofertas diminuíram, considera.

O último mês disponível do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em abril, mostra que em Sorocaba houve saldo negativo de 183 vagas na indústria e de menos 2 no comércio, mas positivo para serviços (748) e construção civil (269). Em março, foram menos 346 postos de trabalho no comércio e menos 2 na indústria.

Rotatividade

Para o economista e professor da Esamc e Fatec, João Silva Moura, o volume de demissões na cidade não pode ser considerado alto porque o saldo na geração de emprego ainda é positivo, levando em conta os quatro primeiros meses do ano. Segundo ele, ao analisar apenas um mês podem ocorrer distorções, porque as demissões ou contratações de uma única empresa afetam o resultado.

Moura aponta porém um problema que é a substituição de mão de obra para pagar salários mais baixos. A rotatividade, com grande número de demissões e contratações teria esse propósito. Para as empresas, a mesma quantidade de funcionários e nas mesmas funções é mantida, representando uma folha de pagamento menor no final do mês.

Segundo o economista, os salários cresceram na média, mas a economia desacelerou. Ele lembra que no ano passado os salários subiram mais que a inflação em alguns setores, por falta de profissionais. O perfil etário dos contratados em Sorocaba, este ano, tem sido entre 23 e 32 anos, enquanto os demitidos em maior número estão na faixa dos 50, observa Moura.