ECONOMIA

Oferta de emprego desacelera nas agências


Sabrina Souza
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A desaceleração da economia continua afetando a geração de empregos em Sorocaba, mesmo depois do Carnaval, quando habitualmente o mercado retoma suas atividades depois de um período de festas. Nas agências de emprego da cidade, o cenário é de mais candidatos em busca de uma colocação no mercado de trabalho e menos vagas ofertadas, seja pelos setores industrial, de comércio e de serviços. Em uma dessas unidades, apenas nos três primeiros dias úteis do ano, cerca de cinco mil currículos foram recebidos. Os aumentos sucessivos na tributação e o fim de alguns subsídios públicos, que afetaram o preço dos combustíveis e da energia elétrica, além da alta do dólar e a crise hídrica, são apontados como responsáveis por frear alguns investimentos e reduzir as contratações.

De acordo com Daniela Egilio, executiva de contas da Global Empregos, a oferta de vagas começou a cair mais depois do Carnaval, depois de um mês de janeiro atípico para o cenário econômico atual, com contratações por parte de alguns setores. "A esperança era de que o mercado voltasse a se aquecer no período pós-feriado, mas esse cenário habitual dos anos anteriores não se concretizou", afirma. A empresa tem mais 15 unidades e a executiva conta que a retração do emprego tem sido registrada, além de Sorocaba, em Goiânia, Belo Horizonte e algumas cidades do Vale do Ribeira.

A queda tem sido puxada, sobretudo, pelas demissões das indústrias ligadas à cadeia de produção automotiva, já que as montadoras estão com estoques cheios. "Mas houve diminuição do emprego em todos os segmentos", cita a diretora da Gradus RH, Célia Guilhen. Conforme observa ela, os setores que estão em condições mais favoráveis são o de alimentos e de embalagens, mas todos os que estão envolvidos com materiais estão tendo problemas com importação, por conta da alta do dólar. Daniela concorda que as metalúrgicas estão diminuindo a produção, mas destaca que ainda há vagas para ramos como o de telecomunicações, de logística e de varejo.

A baixa geração de empregos preocupa porque segue uma sequência de quedas desde o ano passado. "É normal acontecerem altas e baixas, mas a situação atual está atípica", acredita Célia. Segundo ela, 2014 já foi um ano difícil, no qual não houve um período de progressão no número de vagas ofertadas. Para Daniela, apesar de alguns movimentos a partir de outubro de 2014, causados pela necessidade de vagas temporárias, o período foi instável. "A perspectiva era de melhora nesse ano, mas isso não está acontecendo e, se depender desse ritmo, nem o segundo semestre trará uma perspectiva melhor", destaca ela, ao enfatizar que o serviço depende de uma reação do mercado.

Por outro lado, nesse período, os postos de trabalho disponíveis têm sido preenchidos de forma mais rápida, com o maior número de pessoas buscando um emprego. "O que eu observo é que os candidatos estão se comprometendo mais diante da dificuldade de se obter uma colocação do mercado", opina Célia. Segundo ela, porém, a escolaridade não está sendo determinante para que uma pessoa consiga um posto de trabalho, já que há candidatos qualificados que não conseguem encontrar um emprego. "O primeiro semestre é sempre carregado de uma carga tributária e isso, aliado ao desemprego, tem gerado uma situação difícil para as pessoas", lamenta.
Em janeiro, as contratações e dispensas ocorridas na cidade se mantiveram estáveis, com pequena queda de 0,13%, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) já divulgados pelo jornal Cruzeiro do Sul. Os dados de fevereiro devem ser divulgados entre hoje e amanhã. No primeiro mês do ano, foram registradas 8.088 contratações contra 8.340 demissões, resultando no fechamento de 252 vagas no mercado de trabalho sorocabano. Os números comprovaram que a indústria segue a tendência de redução do quadro de funcionários, já que abriu 1.401 vagas e fechou 1.483, diferença de 82 vagas. Já o comércio teve 2.071 admissões e 2.471 demissões, apresentando variação negativa de 400 empregos.