A violência contra a mulher tem que acabar
Allan Sutti
Com Carlos Eduardo Lannes, Giovanna Dutra Bezerra e Suzana Caetano da Silva Lannes
A violência contra a mulher é um tema já em pauta há muito tempo. O termo correto dado é o feminicídio ou femicídio. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) sete a cada 10 mulheres no mundo já foram ou serão violentadas em algum momento da vida. O abuso não é só físico, como a maioria acha, pode ser também assédio verbal e abuso sexual e emocional.
A razão do tema violência contra a mulher existir é o machismo implantado na sociedade patriarcal. Essa sociedade ensina as meninas desde pequenas que elas devem ter ambição, mas não ao ponto de ameaçar o homem. Uma mulher deve almejar o casamento, já que apenas no casamento ela conquistará sua felicidade, porém, o mesmo não é ensinado aos meninos (contos de fadas com princesas são um exemplo). A sociedade ensina que meninas não podem ser seres sexuais como meninos podem, ou serão julgadas sobre. Tais fatos condicionam o homem a achar que tem direito de desrespeitar uma mulher seja física, sexual, verbal ou emocionalmente.
Há um enorme silêncio sobre o tema, devido a todos os problemas mencionados anteriormente, mas, felizmente em 2015 o tema "A violência contra a mulher" teve voz e está sendo amplamente comentado no Brasil. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que abrange todo o País e constitui-se numa prova que dá entrada a 63 universidades, teve como tema da sua redação "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira".
O exame teve também numa das questões uma citação de Simone de Beauvoir, filósofa, escritora e feminista francesa. Em seus vários livros, explorou o papel da mulher na sociedade. A citação era: "Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino" e a pergunta pedia para caracterizar qual era o movimento social que o pensamento de Simone de Beauvoir contribui.
Com o apoio de toda a sociedade e dos movimentos de mulheres, que estão cada vez mais populares, tem diminuído drasticamente a violência por discriminação de gênero, nacional e internacionalmente. Cada vez mais países têm leis contra a violência doméstica, agressão sexual e verbal. O maior problema se trata de sua implementação, limitando o acesso a mulheres e meninas à segurança e justiça. A eficácia da prevenção da violência contra mulher é baixa, e após ocorrer, os culpados muitas vezes saem impunes ou com penas baixas. Mas o importante é não se calar, não deixar nenhuma ação feita contra uma mulher ser impune e sim denunciar, pois o silêncio nessa hora é o pior inimigo.
O medo que as mulheres vítimas de violência doméstica sentem na hora de denunciar está diminuindo e a quantidade de denúncias está aumentando de acordo com as pesquisas feitas pela Secretaria Nacional de Política para as Mulheres. Só no primeiro semestre de 2015, mais de 32 mil atendimentos foram feitos pelo número 180. Metade desses relatos foram sobre violência física, seguido de violência psicológica, violência moral e cárcere privado.
Allan Sutti, Carlos Eduardo Lannes e Giovanna Dutra Bezerra são graduandos em Engenharia Ambiental pelo Instituto de Ciência de Tecnologia da Unesp-Sorocaba.
Suzana Caetano da Silva Lannes é professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP)