SOROCABA E REGIÃO

Tremores de terra podem explicar estrondos

A causa dos estrondos ouvidos na tarde de quinta-feira (28) por moradores de Sorocaba, segundo o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), está relacionada a dois tremores de terra registrados na região. As causas, porém, explica o sismólogo Juraci Carvalho, são de difícil identificação. O primeiro evento, informou, foi registrado às 14h54, com magnitude de 1,7 e o outro, às 15h07, foi de grau 2. Carvalho explica que o instrumento que faz a medição não separa os abalos causados de forma natural ou artificial, como por exemplo, a detonação de uma pedreira.

O sismólogo relata que a chance maior é que o abalo tenha sido por força artificial, pois os dois eventos foram de magnitude muito baixa. "Se ocorre uma detonação a onda caminha pelo solo e vai ser registrado como sendo uma perturbação do meio provocado por terremoto ou até explosão." O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil de Sorocaba receberam chamadas de cidadãos preocupados com o som, mas não conseguiram identificar a fonte do ruído. Não há relatos de estragos ou feridos.

Além dos moradores de Sorocaba, pessoas que residem em Itu, como é o caso da enfermeira Lídia Fernandes, 42, e da garçonete Jéssica Pereira Nunes, 21, também contam que ouviram um barulho muito alto e um tremor leve. "As janelas e a porta de ferro da lanchonete que eu trabalho começaram a balançar e nós pensamos que era algum caminhão muito grande, mas depois veio o barulho muito alto", conta a jovem. Lídia não estava trabalhando no momento, mas relata que colegas que estavam em expediente no posto de saúde próximo ao Jardim Aeroporto também ouviram o barulho.

Em maio, um estrondo seguido de tremor assustou os moradores da região de Guaratinguetá. Posteriormente, foi cogitado que o barulho era causado pela quebra da barreira do som por uma aeronave em voo supersônico, durante teste da Força Área Brasileira (FAB). Sobre o evento registrado em Sorocaba, a FAB foi questionada, mas não se manifestou até o fechamento desta edição.

Meteoroide

O estudioso de astronomia Paulo Roberto Eloriaga, 23, de Itapeva, afirma que o ocorrido em Sorocaba trata-se da queda de um meteoroide -- massa sólida maior que uma molécula e menor que um asteroide que se desloca no espaço cósmico. Com diversos cursos no Observatório Nacional, localizado o Rio de Janeiro, Eloriaga explica que o estrondo sentido foi ocasionado por uma peça do tamanho de uma bola de basquete, que quando atingiu a atmosfera, causou um barulho ensurdecedor e depois se desintegrou. "Provavelmente o objeto que veio do espaço era bem maior, do tamanho de um carro, e muito provavelmente, ao chegar no solo, estava dividido em pequenas partículas e por isso não causou nenhum dano."

Chuva de meteoros

Desde a noite de quinta-feira (28) é aguardada a chuva de meteoros conhecida como Delta Aquaridas, que acontece todos os anos, entre os dias 14 de julho e 18 de agosto. "O ápice era aguardado para justamente o dia desse evento em Sorocaba, então podemos dizer que esse meteoroide que caiu à tarde faz parte da chuva", conclui Eloriaga. O físico e astrônomo Jean Carlo Pontes, do Observatório Nacional, também crê que o estrondo pode ser consequência da chuva de meteoros, mas como o evento foi durante o dia, foi mais difícil de observar a olho nu. "Pelo que pesquisei, o céu de Sorocaba estava bem nublado durante a noite e por isso as pessoas não conseguiram acompanhar a Delta Aquaridas". Ele conta que esse fenômeno pode ser visto do mundo todo.

Segundo o astrônomo, até 20 meteoros podem ser observados por hora e esse evento é ligado à passagem do cometa 96P/Machholz, descoberto em 1986 por um astrônomo amador. Pontes destaca que a lua minguante torna o fenômeno ainda melhor, pois com menos luz os meteoros ficam mais visíveis. Embora o ápice tenha sido na madrugada de quinta-feira, ele afirma que os meteoros ainda podem ser vistos no fim de semana. "Quem estiver no Hemisfério Norte deve olhar para o sul, perto da constelação de Aquário. Já quem vive abaixo da linha do Equador, que é o caso dos brasileiros, precisará olhar para o norte", orienta.

Outras localidades

Moradores de diversos balneários do litoral paranaense usaram as redes sociais para questionar os motivos de um possível tremor de terra que foi sentido pela população na tarde da última terça-feira. Os populares disseram ter ouvido uma explosão seguido dos tremores que foram sentidos numa faixa que vai de Caiobá, em Matinhos, ao balneário Ipanema, em Pontal do Paraná por volta das 17h. As causas do evento são desconhecidas. Em São Sebastião, litoral norte de São Paulo, um astrônomo amador também registrou 142 pontos luminosos entre a noite de quarta (27) e madrugada de quinta-feira (28).