ECONOMIA

Consumo de gasolina cai 20% em Sorocaba, estima Sincopetro


Caiu em média 20% o consumo de gasolina em Sorocaba, segundo estimativa feita pela regional do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro). O presidente da entidade, Jorge Marques, avalia que a queda tem como causa determinante a política adotada pelo governo federal desde julho, quando foi elevada a alíquota do PIS/Cofins sobre os combustíveis.

A Petrobras anunciou ontem a queda do preço da gasolina nas refinarias em 3,8%, mas isso ocorre após quatro altas consecutivas, que resultaram num reajuste acumulado de 11%, entre 31 de agosto e 5 de setembro. Ontem, a gasolina chegou a ser vendida por R$ 3,80 o litro em postos de Sorocaba, valor que pode chegar aos R$ 4 em pouco tempo, observa o presidente regional do Sincopetro. "Se essa situação não mudar, é o que deverá acontecer. Vivemos um momento preocupante. Muitos estabelecimentos, principalmente os de médio e pequeno porte, enfrentam dificuldades para se manter porque a margem de lucro é a mesma", destacou Marques. Já o etanol é vendido em torno de R$ 2,60.

De acordo com o Sincopetro, 60% dos consumidores optam pelo etanol ou pedem gasolina em proporção menor àquela que abasteciam antes. O problema, diz Jorge Marques, é que o combustível proveniente da cana de açúcar também tem registrado seguidas altas.

Num dos postos visitados pela reportagem ontem, de um total de cinco carros abastecidos quatro optaram pelo etanol. O veículo do quinto entrevistado não era flex e, portanto, não dispunha de alternativa. Caso contrário, sua escolha seria outra. O autônomo Luís dos Santos disse que é obrigado a usar gasolina. "Se fosse outra versão, estaria melhor. Não deu, ainda, para conseguir um modelo a álcool (flex), mas assim que for possível, mudo. Atualmente, tenho um gasto enorme que impacta muito o orçamento, mas não tenho escolha."

Carlos Maciel disse que o momento atual de instabilidade obrigou-o a fidelizar o álcool como combustível. "Não dá para ser de outra forma. Fica inviável para quem circula muito de carro optar pela gasolina. É complicado administrar esse passivo ainda mais para quem tem outros encargos, outros compromissos. Não sei se essa situação deverá mudar em pouco tempo, mas sou obrigado a fazer uso de outra alternativa".

Fabrício Aguilera também não dispensa o etanol. "Só abasteço com álcool. Os custos da gasolina aumentaram demais e o jeito foi buscar outra fonte. Alguns apontam desvantagens, mas não tenho do que reclamar. Rodo normalmente, sem problemas e ainda diminuo um pouco a carga de despesas."

Escolha

O Sincopetro, conforme Jorge Marques, não só entende como é solidário com a situação dos clientes. "O consumidor deve escolher o que for melhor, sem dúvida. Num cenário de desemprego, de gastos com outras prioridades como educação, saúde, impostos, não dá mesmo para manter a condução à base de um derivado que custa mais caro."

Leandro Martine, proprietário de um posto, confirma que a demanda por gasolina diminuiu. Ele calcula que, atualmente, 60% dos que abastecem em seu estabelecimento optam pelo etanol. O preço do etanol tem sido menor que 70% do preço da gasolina na cidade, o que compensaria o uso do combustível renovável.