ARTIGOS

Natal segundo Nizan e Max Ian


Edgard Steffen


Sem Jesus, Papai Noel seria ridículo.
(Nizan Guanaes  FSP -19/12/2017  pág.A20)
Em meio a tanta descrença, a tanto materialismo, a tanta militância pela negação de um Ser Eterno preocupado com o insignificante hominídio que desde o Eden vem se preocupando em desafiar seu Criador gostoso ver uma cabeça privilegiada confessar que reza todos os dias porque acredita (sic). O publicitário envia sua última crônica de 2017 diretamente de Jerusalém, cidade sagrada para as três religiões derivadas de Abraão. 

Atividades do shopping ainda incipientes. Papai Noel acaba de se instalar em sua poltrona para o turno do dia. Max Ian, pouco mais de três anos, larga a mão de sua mãe e corre para o personagem. Desinibido o menino mantém animado diálogo com o velhinho de plantão. Seus pais acompanham de longe, curiosos por ouvi-lo. Por várias vezes, o menino estende a mãozinha esticando três dedos. Estaria dizendo sua idade? O próprio personagem natalino, deixa seu "trono" e vem falar com os pais. --- Ele me pediu uma bicicleta laranja. Contou que tem dois tratores amarelos e quer mais um. Quando inquiri por que um menino que já possuía dois brinquedos queria um terceiro igual, a resposta surpreendeu-me. Queria dar aos que não têm nenhum. A mãe debulhou-se em lágrimas. O pai engoliu em seco para segurá-las.

Nizan, andando pela Cidade Santa, considerava Davi, Salomão, Maomé, o Muro das Lamentações, o sacrifício do Cristo (...). Deixou-se envolver pelo espírito natalino e orou pela Paz. O espírito natalino também influenciou Max Ian, que ainda não conhece Jesus nem a história de Nicolau, o Bispo de Mira, que partilhou grande herança com os necessitados. Exemplo? Três moças pobres, sem dotes não se casariam. O próprio pai aconselhou-as a se prostituírem. Sabedor do caso, na calada da noite, Nicolau arremessou pela janela da casa três bolsas com moedas de ouro, propiciando os dotes requeridos pelos costumes da época.

Teria aí nascido o costume de se colocar sapatos na janela das casas para que Papai Noel traga presentes. Famosa canção de Natal (1953), começa com o verso "Deixei meu sapatinho na janela do quintal". Se eu fosse você não deixaria sapato algum na janela; corre o risco de passar o fim de ano descalço.

Criada por Octavio Babo Filho (primo de Lamartine) e gravada por João Dias (cover de Francisco Alves) os versos exibem otimismo. Papai Noel não se esquece de ninguém, "seja rico ou seja pobre o bom velhinho sempre vem". Hoje engolidas pelos jingobéis e pelos então-é-natal esganiçados da Simone, ouve-se pouca música brasileira usando Natal como tema. Estão confinadas nas igrejas e nas exibições dos corais.

Gravada por Carlos Galhardo, outra velha música tornou-se espécie de hino nacional natalino. Assis Valente é autor de "Boas Festas" (1933). Do inconsciente do menino, nascido na mesma cidade de Caetano e Betânia, brotava a esperança de "que todo mundo fosse filho de Papai Noel". No anoitecer do sino gemente, a solidão de quem fica sozinho a rezar por um brinquedo impossível. Para o solitário, Papai Noel deve ter morrido "ou, então, Felicidade é brinquedo que não tem". Convencido disso, tomou formicida.

Minha preferência continua com Dick Farney interpretando "Noite Azul", de Orestes Barbosa (anos 50):

Noite Azul, sem igual

Deus nos deu um Feliz Natal.

Nosso lar está cheio de luz,

Paz na Terra, nasceu Jesus!

Dentro da mensagem das luzes, das árvores e vitrines enfeitadas, do bimbalhar dos sinos e das músicas natalinas, cabe até um Bom Velhinho com seus presentes. Desde que não nos esqueçamos da Luz Maior, da Mensagem Maior* e do Aniversariante.

Feliz Natal a todos!


(*) O Verbo se fez carne e habitou entre nós (João 1:14)
Natal, 2017

Edgard Steffen é médico pediatra e escreve aos sábados neste espaço - [email protected]