SOROCABA E REGIÃO

Peça de polímero implantável ajuda na reconstituição de ossos


Imagine que alguém sofra um acidente e quebre parte do osso do braço. É uma situação corriqueira dentro da rotina médica, sanável a partir de intervenção específica. Normalmente, o braço é imobilizado com gesso, no aguardo de que o osso se reconstitua.

Agora, uma pesquisa desenvolvida por equipe da Faculdade de Medicina da PUC Sorocaba em parceria com a FlexBras, startup incubada no Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS), deu contornos mais avançados para a solução desse tipo de problema a partir do desenvolvimento de polímeros bioabsorvíveis.

O material tem filamento (fio) cuja estrutura se parece, e muito, com a dos ossos humanos. Ele pode ajudar na reconstrução celular e fixar melhor a estrutura óssea.

Os polímeros também são utilizados na reconstrução da pele dos que sofrem queimaduras. Um pedaço de 12 x 12 cm pode custar R$ 12 mil. O custo de aplicação no segmento ortopédico é drasticamente menor, embora ainda não se tenha chegado a valores determinados.

Uma vez prontos para uso (e é aí que entra em cena a tecnologia da FlexBra), os filamentos desenvolvidos no PTS dão forma a estruturas produzidas com impressora 3D. A moldagem do biomaterial começa a partir de um raio x ou tomografia do osso a ser refeito e recolocado. O arquivo de imagem é convertido em um software especial que, por sua vez, gera outro arquivo compatível com a impressora 3D.

Com isso, quando um paciente sofre uma fratura, por exemplo, a impressora 3D é capaz de fazer uma estrutura com o mesmo formato do osso, só que à base de polímero implantável. O resultado é maior qualidade na reconstrução, mais segurança e melhor resolutividade.

"Por ser biologicamente compatível, o material permite que a célula óssea cresça por cima dele. Após o tempo de recuperação, esse material é completamente absorvido pelo organismo", disse o CEO da FlexBras, engenheiro Ronaldo Roledo. A pesquisa ainda está em fase de testes, mas segundo a professora da PUC, Eliana Duek, responsável pelo estudo, a inovação será uma alternativa para quem sofre acidentes.

A ideia é comercializar a descoberta com laboratórios depois que os testes clínicos, com pacientes, exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e órgãos controladores, forem realizados. No momento, o trabalho está voltado ao emprego do recurso em animais, aos quais não é imposto sofrimento, como destacam os responsáveis.

A invenção do filamento feito de polímero bioabsorvível, diz o pesquisador e químico do campus da PUC Sorocaba, Daniel Komatsu, reforça o potencial de produção de conhecimento científico existente dentro do Parque Tecnológico que tem se destacado também pela descoberta de soluções para o campo da saúde. "Imagine o benefício que esse invento pode agregar e quanto não avançaremos no tratamento de sequelas", afirma.

Menisco

O museu de grandes novidades instalado dentro do PTS destaca, ainda, outros engenhos como a construção, também por meio da impressora 3D, de uma prótese personalizada do menisco do joelho. Ronaldo Roledo diz que o comprometimento do menisco por qualquer motivo não permite reabilitação.

"A pessoa vive sem o menisco, ou usa paliativos que, mais cedo ou mais tarde, acabam por causar inconvenientes, transtornos. A prótese impede que isto aconteça." Ainda na área da saúde, está em andamento um projeto-piloto em parceria entre a startup e a Santa Casa de Sorocaba para a utilização de biomodelos impressos em 3D com o objetivo de aumentar a capacidade de atendimento do hospital.

O material servirá de apoio ao médico que, em vez de operar utilizando-se de uma imagem em 2D (raio x e tomografias), terá à disposição um material em 3D. O modelo de impressora fabricado pela startup também foi desenvolvido para atender as necessidades de pequenas e médias empresas, além de universidades e faculdades.