SOROCABA E REGIÃO

Garotas são molestadas em ônibus em Sorocaba


Um homem não identificado assediou e ameaçou várias mulheres, entre elas estudantes, dentro de um ônibus da linha 76 - São Guilherme na tarde de quinta-feira. Segundo relatos das vítimas, o homem embarcou no coletivo pela porta de trás, em um ponto na avenida Ipanema, em frente ao Carrefour Sônia Maria, e afirmava estar com uma faca. A Urbes - Trânsito e Transportes informou que o caso será apurado.

O pai de uma das adolescentes assediadas, um técnico em informática de 57 anos, contou que a filha estava com mais três amigas voltando da escola e que entraram no ônibus no terminal Santo Antônio pouco antes das 13h. A jovem relatou que primeiro o homem, ao entrar no veículo, começou a se encostar em uma outra estudante e que a mesma, após pedir para que ele se afastasse, tentou se defender com uma cotovelada. Nesse momento o agressor teria perguntado se a adolescente já tinha "apanhado de homem". Assustada, a passageira desceu do ônibus no ponto seguinte, em frente à Unidade Pré-Hospitalar (UPH) da zona norte.

Com medo das ameaças, as quatro adolescentes, entre elas a filha do técnico, foram para o fundo do ônibus e o homem as seguiu. "Elas contaram que o agressor falou que ia fazer picadinho delas e de todas as mulheres que estavam no ônibus. Que todas tinham que descer e que ele queria assustar todas." As estudantes teriam pedido ajuda ao motorista e ao fiscal do ônibus, mas eles disseram que não podiam fazer nada, que elas deveriam acionar a Polícia Militar. "Até parece que elas iam pegar o celular e ligar para a polícia na frente de um cara que fazendo ameaças e visivelmente agressivo", afirma o pai.

No relato exposto por uma das vítimas em seu perfil no Facebook, a estudante conta que chegou a discutir com o motorista do coletivo e afirma que o condutor e outros homens riram da situação. "Eles simplesmente rejeitaram tudo que falamos", afirma a adolescente de 16 anos. Além da primeira vítima, todas as passageiras assediadas também desceram em pontos bem longe de seus destinos finais. "Todas ficaram com muito medo e com a omissão de quem deveria tomar alguma atitude a situação ficou ainda mais delicada", disse outra adolescente assediada.

A madrasta de umas das meninas presentes no ônibus, informou que registrou um boletim de ocorrência pela internet e que fez uma reclamação formal na Urbes por conta da omissão dos funcionários. Ela também solicitou imagens das câmeras instaladas no interior do ônibus. A responsável pela vítima afirmou que a empresa pública pediu o prazo de dez dias para fazer o levantamento do motorista, do fiscal e das câmeras.

Ela contou que por medo do homem, a enteada e as amigas desceram em um ponto de ônibus na rua Atanázio Soares, próximo ao shopping Cidade Sorocaba, por ser um local mais movimentado. O agressor não desembarcou e, segundo comentários feitos na postagem no Facebook de uma das vítimas, ele foi visto na avenida Edward Fru-Fru Marciano da Silva, no Jardim São Guilherme.

As identidades das vítimas e de seus responsáveis legais não foram divulgadas pelo Cruzeiro do Sul a fim de preservar as estudantes, todas de 16 anos, em conformidade com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Urbes fará apuração

Em nota, a Urbes informou que, de acordo com o apurado pela empresa Consor, o motorista disse que, durante o trajeto, "as garotas reclamaram da atitude de um dos usuários, que já é conhecido no bairro e possui um transtorno mental. Ele embarcou no ônibus próximo ao Carrefour Sônia Maria e desembarcou próximo ao Shopping Cidade. Ainda de acordo com o condutor, como ele já conhece o usuário, não percebeu um comportamento estranho, por isso não tomou providências".

Sobre a questão do deboche do motorista e fiscal quando as vítimas pediram ajuda, a empresa alegou que vai apurar. "Sempre que há uma ocorrência anormal no interior dos ônibus as imagens são analisadas."

Em casos semelhantes, segundo a Urbes, "a usuária deve comunicar imediatamente o motorista ou o agente de bordo do ônibus, que sempre que possível deve evitar a fuga do suspeito, fechando as portas do veículo, e imediatamente também acionar a Polícia Militar. De qualquer maneira, os usuários devem sempre registrar um boletim de ocorrência junto à polícia, que é o órgão competente para apurar este tipo de situação".

A Urbes ressaltou ainda que disponibiliza gratuitamente aos usuários do transporte o aplicativo CittaMobi, que tem o BIG (Botão de Incidentes Graves), "no qual os usuários podem acioná-lo em caso de alguma situação de emergência, como um assédio ou qualquer outro tipo de violência. No mesmo momento, o fato chegará às autoridades de segurança pública do município para que as providências sejam tomadas". Para baixar o aplicativo, os munícipes podem acessar o site da Urbes: www.urbes.com.br.