ECONOMIA

Falta de recursos impede acesso à moradia própria


Estudo da Fundação Seade, divulgado no começo da semana, aponta que o total de domicílios particulares ocupados nos 79 municípios da região administrativa de Sorocaba passará dos atuais 850 mil para 1,8 milhão em 2030 e para três milhões em 2050. Segundo a projeção, a taxa de crescimento das moradias (e não o total de pessoas que buscam adquirir a casa própria) deve superar a da população (dados de 2014 revelam que a Região Metropolitana de Sorocaba, formada por 27 cidades, concentrava quase dois milhões de habitantes). Já no Estado, o volume de imóveis deverá atingir a marca de 19 milhões de unidades em 2050, o que representa, em 40 anos, um adicional de 6,2 milhões, ou seja, média anual de 156 mil novos domicílios no período.

Para o diretor da regional Sorocaba do Sindicato da Habitação (Secovi), Guido Cussiol Neto, a situação apontada no estudo revela um quadro contraditório. A cidade, ele informou, tinha em setembro de 2017 um estoque de imóveis por serem ocupados de 4,5 mil unidades. Desse total, 65% são empreendimentos financiados pelo programa Minha Casa, Minha Vida. Ao mesmo tempo, o município apresenta 30 mil famílias à espera da casa própria.

Cussiol cita que a falta de uma política de crédito imobiliário mais definida é a causa daquilo que hoje é observado. "O que é produzido e oferecido ao mercado não consegue ser absorvido por falta de recursos da própria população que não tem acesso ao crédito para adquirir imóveis", analisou.

Na essência, acrescentou Cussiol Neto, tudo envolve a gestão do setor de modo a assegurar que as pessoas recuperem o poder de compra. Os níveis de desemprego, de acordo com ele, têm peso nesse processo e a demanda por moradia sempre estará à frente do que é produzido, avalia. "Não teremos, a médio prazo, como suprir a necessidade". Ele também revelou que, por conta da crise, em 2017 o recurso da permuta (troca) foi bastante utilizado por aqueles que buscaram moradias.

Outro indicador apontado no trabalho da Fundação Seade dá conta de que o número médio de moradores por domicílio diminuiu sistematicamente no Estado de São Paulo, reduzindo de um patamar superior a 5, entre 1940 e 1950, para 4,4, em 1980, 3,2 em 2000, 3,2, e deverá manter esta tendência de queda sistemática até atingir ao valor de 2,47, em 2050.