SOROCABA E REGIÃO

Guia Saúde: perda constante de memória deve ser investigada


Embora ter algum tipo de esquecimento seja considerado algo normal, a perda constante de memória deve ser investigada, pois sua causa pode estar ligada desde um simples estresse até a doenças que afetam seu sistema funcional. O alerta é dado pelo médico neurologista Sandro Blasi Esposito, coordenador do Internato da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo.

Ele explicou que a memória é uma função pela qual o indivíduo consegue reter e obter novas informações, formando assim seu conteúdo e podendo revê-lo. O médico também ensina que há vários tipós de memória, como as chamadas operacionais, que são as de curto prazo e nos auxiliam nas tarefas básicas de um determinado momento, e as de longo prazo. Essas se dividem em explícitas e implícitas. As explícitas, ou declarativas, são as que evocam a recordação consciente do indivíduo dentro do contexto em que ocorreu, como, por exemplo, lembrar de sua participação numa determinada situação. Já as implícitas se referem às memórias de procedimento. Um exemplo é, após aprender a dirigir, o indivíduo executa tal aprendizado normalmente porque aquilo está gravado em sua mente. O médico neurologista atenta que quando alguém fala que está com problema de memória, refere-se às explícitas, que são aquelas mais antigas.

De acordo com Esposito, "esquecimento não é uma doença da memória, é uma alteração pontual", que faz parte do funcionamento da memórua e é tido como "normal". Ainda segundo ele, vários fatores, como o cansaço e a falta de sono podem interferir nas funções do organismo e, consequentemente, interferir na memória, mas ressalta que isso não é uma lesão direta da memória. Doenças que afetam o sistema da memória, segundo disse, são as doenças degenerativas como Alzheimer e demência, além de tumores e traumas cranianos. Tais doenças podem se apresentar em pessoas jovens, mas o mais comum é a partir da meia idade.


Uso de drogas para ativar o cérebro só com orientação médica - DIVULGAÇÃO Uso de drogas para ativar o cérebro só com orientação médica - DIVULGAÇÃO


Esposito também destacou que no diagnóstico de Alzheimer, o paciente perde primeiramente a memória mais recente, como, por exemplo, não se lembrar do que fez no dia anterior, tendo também maior dificuldade para o aprendizado. Com o tempo, a memória antiga também será afetada.

Assim como nos casos de Alzheimer, nos de amnésia, que consiste na perda definitiva da memória, normalmente começa pelas mais recentes. A respeito da demência, o médico explicou que o risco genético aumenta se na família houve casos em pacientes com menos de 55 anos, uma vez que o mais comum é a doença se manifestar na faixa dos 80 anos. Além disso, ele frisou também que o fato de ter genes não significa que desenvolverá a doença.

Corrida contra o tempo


Para o neurologista, a vida agitada da sociedade atual, na qual os indivíduos sentem necessidade também de se autoafirmar, muitos buscam potencializar suas capacidades mentais por meio de drogas, como as chamadas "smart drugs", que têm como finalidade exatamente potencializar a memória. Mas ele alerta para o risco de se recorrer às drogas sem a existência de um diagnóstico de doença, podendo, numa situação dessas, causar problemas psiquiátricos e cardiovasculares. Isso porque tais drogas, que segundo ele, possuem estimulantes da vigília e ativam o processo químico das células.

Entretanto, apesar do avanço em pesquisas de novas drogas para as doenças da mente, o neurologista Sandro Esposito admite que o conhecimento da memória é o último desafio da fronteira humana.