CULTURA

'Residência: encontro com o subterrâneo' abre inscrições


A atividade "Residência para mulheres: encontro com o subterrâneo" abre as inscrições hoje para as interessadas (o prazo segue até o dia 31 de março). Podem se inscrever mulheres com idade a partir de 18 anos, fotógrafas profissionais ou amadoras, residentes em Sorocaba e região. A atividade foi aprovada pelo edital de formação da Secretaria de Cultura de Sorocaba em 2017.

O intuito da vivência de cinco dias é "transportar o debate verbal sobre o machismo/sexismo na área fotográfica em ação de combate", aponta o material de divulgação encaminhado à imprensa. Tendo como base teórica e referencial mulheres artistas e doutoras como Clarissa Pinkola Estés, Fernanda Magalhães, Zanele Muholi, Camila Cavalcante, dentre outras, será criada uma ponte efetiva (e afetiva) com conteúdos sobre narrativa fotográfica e retratos, apropriação e (re)conhecimento das potências do corpo e busca do próprio interior. As formadoras serão Camila Fontenele de Miranda (Sorocaba), Evelin Bandeira (Sorocaba-São Paulo), Silvana Sarti (Sorocaba) e Estela Miazzi (São Paulo). Além disso, toda a equipe envolvida no projeto é composta por mulheres: Sttefania Mendes (Sorocaba), na produção executiva, e Eliete Della Violla (Sorocaba), no design. Todas as atividades serão realizadas no Ateliê Imprevisto e a exposição coletiva na Fundec. São 20 vagas. Todos os portfólios serão avaliados e a seleção será anunciada no dia 10 de abril. As inscrições devem ser realizadas através do site: www.residenciaencontrocomosubterraneo.com.

A ideia do projeto surgiu em 2016, quando a fotógrafa e artista visual Camila Fontenele passou por uma situação de machismo durante uma atividade profissional. A proponente fez, então, um levantamento de dados que demonstra que a luta para a abertura de espaço para as mulheres ainda é grande. Segundo relatório realizado pela World Press Photo, Universidade de Stirling e Universidade de Oxford Instituto Reuters, em setembro de 2015, 85% dos fotógrafos atuantes eram homens. "A pesquisa de 76 páginas demonstra que a situação não está relacionada à falta de esforço por parte das mulheres. Pelo contrário, os números apontam que essas mulheres possuem maior nível de escolaridade, são mais engajadas com as redes sociais e também mais propensas ao uso de novas tecnologias, como vídeo e multimídia, mas mesmo assim poucas estão empregadas e as que têm trabalho recebem menos por isso", aponta Camila no material de divulgação encaminhado à imprensa.

A fotógrafa cita como exemplo também o trabalho do coletivo Guerrilha Girls, que inclusive esteve exposto na Trienal das Artes-Frestas realizada no ano passado no Sesc. O coletivo, formado por mulheres nos EUA em 1985, denuncia o sexismo através de seus trabalhos, como em um cartaz, que questiona se as mulheres precisam estar nuas para entrar no museu. No Masp, por exemplo, apenas 6% dos artistas em exposição são mulheres, mas 60% dos nus são femininos, segundo pesquisa realizada pelas artistas do Guerrilha Girls.

Questionar esses dados e também estimular as mulheres para ocupação no mercado de trabalho artístico são propostas de Camila ao elaborar esse projeto. "É necessário ter ações de campo para que o resultado seja realmente efetivo".