SOROCABA E REGIÃO

Motoboys protestam após morte de colega


Um grupo de quase 100 motoboys interditou na tarde desta segunda-feira (5) a pista sentido bairro da avenida Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes, no Alto da Boa Vista, para, segundo dito pelos que lá estiveram, homenagear o colega de profissão Hector Ricardo Costa Nunes, que morreu no domingo (4) à noite depois de ter caído da moto que pilotava na avenida Itavuvu.
 
Eles reivindicam a cessão das imagens captadas pelas câmeras de monitoramento para saber se o piloto não teria sido "fechado" por algum veículo. Essa situação, conforme declarado durante o protesto, é bastante comum e provoca acidentes com os motoboys, que pedem mais segurança para trabalhar. A Urbes informou que em casos como este, as imagens captadas por suas câmeras são solicitadas pela polícia e encaminhadas a ela prioritariamente por questões de segurança, já que é o órgão competente para investigar o caso.
 
Além de interditar a pista, os motociclistas buzinaram, gritaram palavras de ordem e fizeram barulho com os escapamentos. O tráfego ficou suspenso por pelo menos 10 minutos. O advogado Arthur Colenci reagiu indignado. "Eu respeito a posição deles, mas consertar um erro com outro não é o mais indicado", disse.
 
O ato serviu também para que todos protestassem contra postagens feitas na rede social Facebook, segundo as quais o acidente teria acontecido porque a vítima "vacilou". "Ninguém aqui é vacilão. Somos trabalhadores que levam a sério o que fazem. Quem diz o contrário não sabe da nossa luta diária, do quanto sofremos para sobreviver", disse Pedro Henrique Rocha.
 
Lucas Augusto acrescentou que os motoboys são constantemente "fechados" e se acidentam por culpa de motoristas que não os respeitam. "É o que mais tem. Todo dia um de nós cai, se esfola, se arrebenta, mas ninguém está nem aí. Para eles, nós é quem atrapalhamos. O nosso amigo que morreu estava trabalhando, não estava empinando a moto coisa nenhuma".
 
Jean Alexandre trabalhava com Hector. "A gente quis que este ato servisse para homenagear a memória dele. Ele se foi com 25 anos e deixou uma filha pequena, além da esposa. Ele levava a sério a profissão e tinha orgulho de ser motoboy. Como todo mundo aqui. A gente leva o alimento nas casas das pessoas, documentos, encomendas. Isso não conta, infelizmente. Alguns até reconhecem, mas a visão que têm de nós é diferente", protestou.