SOROCABA E REGIÃO

Audiência decide que Cristian Cravinhos permanecerá preso


Detido em Sorocaba na madrugada desta quarta-feira (18) por porte ilegal de munição, corrupção ativa e descumprimento de medidas do regime aberto, Cristian Cravinhos, 42 anos, voltou para a carceragem. Ele é um dos assassinos do casal Manfred e Marísia Richthofen, junto com o irmão e Suzane Richthofen, em 2002.

O retorno à prisão foi definida em audiência de custódia no Fórum de Sorocaba no final da manhã. Segundo o advogado Ivan Peterson de Camargo, Cravinhos foi encaminhado ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Sorocaba e posteriormente retornará ao presídio de Tremembé. Ele cumpria pena em regime aberto desde agosto do ano passado.


Cristian Cravinhos estava em liberdade desde agosto do ano passado - DIVULGAÇÃO Cristian Cravinhos estava em liberdade desde agosto do ano passado - DIVULGAÇÃO


Ele foi detido por volta da 1h30 na rua Luiz Gama, na Vila Carvalho, após agredir uma mulher. De acordo com a capitã da Polícia Militar Luiza Maria Aidar de Oliveira Geraldi, policiais foram acionados por conta de uma briga que teve início próximo a um bar na avenida General Osório. Testemunhas contaram que Cravinhos puxava os cabelos da mulher e a golpeava com socos. Quando a PM chegou ao local, a mulher contou que ele saiu a pé, deixando uma moto. Ela também o descreveu aos policiais, que realizaram buscas pelas imediações e encontraram o homem.

Ao ser abordado, ele se identificou como um dos irmãos Cravinhos e teria oferecido R$ 1 mil aos policiais. Com a recusa, teria dito que poderia vender a moto e dar o valor obtido para os policiais, além da possibilidade do irmão, Daniel Cravinhos, vir da Capital para entregar mais R$ 2 mil. Segundo a capitã Luiza, os policiais recusaram o suborno de imediato e em revista foi encontrada uma munição para arma de calibre 9 milímetros, de uso restrito, em seu colete. A mulher que Cravinhos agrediu tratava-se de sua ex-companheira e ela não quis registrar boletim de ocorrência contra ele.

Segundo a capitã Luiza, além de portar munição e oferecer dinheiro aos policiais, Cravinhos também descumpriu as regras do regime aberto, o que agravou sua situação. Segundo a capitã, ele não poderia deixar a comarca de São Paulo, onde cumpria a pena, e também não poderia sair de casa após as 22h. A ocorrência foi registrada de madrugada e em Sorocaba. Durante a manhã, já no Fórum, Daniel Cravinhos teria estacionado o carro nas imediações, mas assim que viu a movimentação da imprensa deixou o local. Ele estava acompanhado da namorada e mais uma pessoa não identificada.






(imagens de Amanda Campos / SBT)
Por volta das 11h45 o advogado Ivan Peterson de Camargo, que acompanhou Cravinhos durante a audiência de custódia, deixou o Fórum e informou que o juiz converteu a detenção em prisão preventiva. Ele informou que conversaria com os familiares do homem para decidirem os próximos passos do processo. Ainda segundo Camargo, Cravinhos veio a Sorocaba para encontrar com uma amiga e a ex-mulher dele, ao saber da viagem, veio até a cidade para confrontar o ex-companheiro. Carmargo afirmou que durante a audiência Cravinhos negou a tentativa de suborno e também o porte de munição.

Minutos depois, outro advogado chamado Beethoven de Oliveira chegou ao Fórum também representando Cravinhos. Ele afirmou que não teria tido acesso total ao inquérito, mas tentaria reverter a decisão. "Infelizmente o nome do nosso cliente é muito maior que esse caso. Qualquer briga de casal que ele se envolver vai virar isso", afirmou o defensor, que disse ser de São Paulo.

Diferente do que informou o primeiro advogado, Oliveira disse que seu cliente namorava uma mulher que residia em Sorocaba e por isso estava na cidade. "Tem residência aqui, em São Paulo, em Ubatuba. Não descumpriu a medida do regime aberto." Questionado se todos esses endereços foram informados à Justiça, o advogado não soube responder. Em relação ao crime de corrupção ativa, o defensor afirmou que o dinheiro não foi apresentado. "Onde está a materialidade? Se não tem dinheiro, não tem suborno", afirmou Oliveira, que acompanhou Cravinhos até o CDP.

Condenados

Os irmãos Cravinhos foram condenados, junto com Suzane Richthofen, pelo assassinato dos pais dela, em 2002, em São Paulo. Na época, Daniel era namorado de Suzane. Cristian foi sentenciado a 38 anos e seis meses em regime fechado, mas deixou a prisão em agosto de 2017, após ser autorizado pela Justiça a cumprir o restante da pena em regime aberto.

Na época, a 2ª Vara de Execuções Criminais de Taubaté justificou o benefício a Cristian por ele não ter cometido falta disciplinar e ter demonstrado bom comportamento carcerário no regime semiaberto. Já o irmão dele, Daniel, teve liberdade concedida em janeiro deste ano. Suzane segue cumprindo pena em regime semiaberto.