Com mãe em parada cardíaca, parto emergencial salva vida de bebê

A tentativa de salvar um bebê da barriga de uma mulher com parada cardiorrespiratória, após duas convulsões, obrigou a médica ginecologista e obstetra Adriana Aparecida Dias dos Santos a realizar um parto emergencial no saguão de um prédio comercial. O caso ocorreu segunda-feira (14) no bairro Vergueiro, em Sorocaba. A paciente de 28 anos, já sem o batimento cardíaco, foi submetida a uma cesária com o auxílio de uma lâmina de bisturi e teve a criança retirada do útero com vida. A recém-nascida passa bem e deve receber alta médica nesta quarta-feira (16). Já a mãe, posteriormente reanimada, está internada em estado gravíssimo na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS).

A médica descreve o parto como o "mais emocionante e em condições adversas" de toda a sua carreira. "Tudo ocorreu em uma situação fora da normalidade, mas foi necessário para tentar salvar as vidas de mãe e filha", conta.

Segundo Adriana, a mulher - com 38 semanas de gestação - passou pela consulta de pré-natal no consultório situado no sexto andar do prédio na avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira. Durante o atendimento, a obstetra constatou a elevação da pressão arterial e pediu para a paciente procurar uma unidade hospitalar.

A paciente deixou o consultório ao lado do marido, com uma carta de recomendação da médica, mas se sentiu mal no saguão do prédio e caiu. No chão, ela começou a convulsionar. Nesse momento, o funcionário da portaria entrou em contato com Adriana. A médica desceu até o térreo e começou o atendimento.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado para socorrer a paciente, juntamente com o serviço 193 do Corpo de Bombeiros. Durante a espera, a mulher teve uma segunda convulsão seguida por uma parada cardiorrespiratória. Foi então que Adriana, de joelhos, fez durante 20 minutos a manobra de reanimação. "Precisava que fosse sangue para o bebê", conta a médica.

A massagem cardíaca feita por Adriana na mulher terminou com a chegada da equipe do Samu. A médica, então, voltou as suas atenções para o bebê. Com o auxílio de um estetoscópio, escutou o coração batendo "bem fraquinho" e decidiu retirá-lo naquele momento da barriga da paciente.

Adriana pediu uma lâmina de bisturi e retirou o bebê, aparentemente sem vida, mas com o cordão umbilical pulsando. Fez massagem cardíaca, ofertou oxigênio para a recém-nascida e a entregou a um médico pediatra que havia acabado de chegar ao local.

Com a mãe estabilizada, após a cardioversão elétrica, Adriana tirou a placenta e fez uma massagem no útero para estancar o sangramento. Em seguida, mãe e filha foram encaminhadas para o CHS.