SOROCABA E REGIÃO

Ação quer tirar animal do zoo e levá-lo a santuário


Duas entidades de defesa animal impetraram uma ação civil pública, na última sexta-feira, pela transferência do chimpanzé Black, que hoje vive no Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, para o Santuário de Grandes Primatas também em Sorocaba, e afiliado ao grupo internacional Projetos dos Grandes Primatas (GAP). A Prefeitura foi questionada sobre o andamento da ação e informou que não foi notificada. Mas adiantou que não autorizará a transferência do animal.

Segundo o ativista Leandro Ferro, que é um dos integrantes da frente das denúncias e da ação civil pública, Black encontra-se no zoo desde 1979 e sua idade hoje é estimada em 48 anos. "Acreditamos que ele tenha ao menos mais uns 15 anos pela frente e queremos que tenha qualidade de vida. Hoje, no zoológico, ele fica preso em um recinto muito pequeno na maior parte do dia, e está sozinho, o que é prejudicial para sua saúde", afirma o defensor. Antes, segundo Ferro, o chimpanzé era explorado em um circo, prática que, desde 2005, está proibida no Estado de São Paulo e em outros da federação. Depois dos anos de sofrimento no circo, foi enviado a outro zoológico e, após ser picado por um escorpião, finalmente chegou ao Quinzinho.

Na ação, a Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda) e a Associação Sempre Pelos Animais (Aspa), de São Roque, afirmam que Black está sendo privado dos instintos mais básicos da sua espécie como alimentação disponível durante o dia, convívio com outros chimpanzés, espaço restrito a maior parte do tempo, "além de ter que conviver com o assédio constante dos visitantes do zoo". Ferro ressalta a semelhança biológica da espécie com os humanos, que chega a 98%, segundo diversos estudos. "Chimpanzés são seres com inteligência diferenciada e vivem em comunidade, sendo a vida social com demais membros de sua espécie imprescindível para seu bem-estar", alega o ativista.

Encaminhado para a vara da Fazenda Pública de Sorocaba, o caso, que pede a transferência do animal em caráter liminar, será analisado pelo juiz Alexandre Dartanhan de Mello Guerra. "Nós também arrolamos testemunhas que eram ex-tratadores do Black na ação, então pode ser que o juiz realize uma breve audiência", contou Ferro.

O ativista afirma que apesar do foco da peça ser o chimpanzé, as duas entidades também levaram ao conhecimento do juiz e Ministério Público (MP) as últimas denúncias levantadas a respeito do zoo, em especial os cursos comerciais particulares utilizando os animais que eram feitos pelo antigo veterinário e diretor responsável, Rodrigo Teixeira, afastado do cargo em 2015 após recomendação feita pela Corregedoria-Geral do Município.

O fato foi noticiado pelo Cruzeiro do Sul e novamente, em março deste ano, o parque voltou a ser alvo de denúncias de maus-tratos, envolvendo o MP, que instaurou, através da Promotoria de Justiça do Meio Ambiente de Sorocaba, pela pessoa do promotor José Alberto de Oliveira Marum, um procedimento preparatório de Inquérito Civil, solicitando informações da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, entre outras medidas.

Sobre as denúncias, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Comunicação e Eventos (Secom), informou que "estão sendo apuradas Corregedoria-Geral do Município e a Secretaria do Meio Ambiente, Parques e Jardins (Sema) aguarda o resultado".