SOROCABA E REGIÃO

Ponto de ônibus causa medo na Castelinho


O ponto de ônibus localizado embaixo do pontilhão José Moreno Pintor, no km 2 da rodovia José Ermírio de Moraes (Castelinho), em Sorocaba, virou alvo de bandidos e sinônimo de medo por parte de pessoas que acessam o local todos os dias para embarcar nos ônibus de linhas municipais e intermunicipais que param ali. Em dois assaltos, um em dezembro de 2017 e outro em maio de 2018, cinco vítimas tiveram celulares roubados em horários por volta das 18h. O local fica na pista sentido Sorocaba-São Paulo. O alvo específico dos ladrões são os celulares das vítimas. É comum passageiros calcularem os riscos para superarem o medo e se aproximarem do ponto de ônibus.


Luciane: assaltada duas vezes - ERICK PINHEIRO Luciane: assaltada duas vezes - ERICK PINHEIRO


A vigilante Luciane Thomaz, 50 anos, foi uma das vítimas naqueles dois assaltos. No primeiro, em dezembro, um ladrão rendeu Luciane e mais duas mulheres. No segundo roubo, em maio, eram dois ladrões (um dos quais era o mesmo de dezembro, e, além de Luciane, um homem foi roubado. Nos dois casos os bandidos surgiram no canteiro central da rodovia. Durante a travessia da pista eles tiram armas, apontam para as vítimas e não há mais nada a fazer. O canteiro tem relevo alto naquele trecho e é usado pelos ladrões para se esconderem e observarem a aproximação de passageiros no ponto de ônibus.


Douglas não fica sozinho - ERICK PINHEIRO Douglas não fica sozinho - ERICK PINHEIRO


Com o conhecimento de vigilante, Luciane disse que a arma usada pelos ladrões é um revólver calibre 38. Além dela, outros passageiros relataram o medo com o risco de serem vítimas dos ladrões. O tecnólogo Douglas Henrique Bento, 32 anos, não se aproxima do ponto quando o local está deserto. Aguarda a chegada de outras pessoas. O cuidado tem sentido: "Nunca passei por isso (ser vítima), mas deve ser traumatizante." Após a passagem de um ônibus, ele só se aproximou do ponto no momento em que identificou a máquina do fotógrafo e viu que se tratava de equipe de reportagem no local.


Julio: 'fico com medo' - ERICK PINHEIRO Julio: 'fico com medo' - ERICK PINHEIRO


"Quando estou aqui, sozinho, fico com medo", falou o estudante e profissional de logística Júlio César Bento, de 35 anos, irmão de Douglas. A gerente de projetos de TI, Andrea Cayres, 50 anos, arrependeu-se de ser deixada no ponto por um motorista que lhe deu carona no fim de um expediente de trabalho. Ela iria para São Paulo e a ideia era ganhar tempo evitando ir até à Rodoviária, no Centro.

Luciane acha essa situação "um absurdo". No primeiro roubo ela perdeu o celular que havia comprado por R$ 980. O segundo celular roubado havia custado R$ 650. O novo celular, um modelo básico, custou R$ 50. "Aqui não dá para usar celular bom", ela lamentou.

Urbes e polícia

A Urbes -- empresa que gerencia o transporte coletivo em Sorocaba -- informou que o ponto atende as linhas intermunicipais e municipais por reunir condições técnicas de utilização por parte dos usuários, como o fácil acesso ao local, sem a necessidade de atravessar a rodovia: "Trata-se de um caso de segurança pública. De qualquer maneira, é importante que as vítimas registrem boletim de ocorrência para que reforce os fatos e denuncie pelo telefone 190."

A Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que no 5º Batalhão de Policiamento Rodoviário de Sorocaba, no ano de 2017 e até o mês de maio de 2018 não houve qualquer solicitação para registro de ilícito ocorrido (furto e roubo) na Castelinho. "Esclarecemos que diuturnamente é realizado patrulhamento pelas equipes do policiamento Rodoviário da 1ª CIA do 5°BPRv bem como equipes do TOR (Tático Ostensivo Rodoviário), utilizando o policiamento preventivo em toda a rodovia, seguindo rigorosamente ao planejamento realizado pelo coordenador operacional, pautando-se através dos índices criminais e ocorrências geradas, CPP - Cartão de Prioridade de Patrulhamento."

A secretaria acrescentou que neste ano de 2018, até o mês de maio, foram realizadas 19 ações policiais preventivas na Castelinho. "Temos que alertar a população que a comunicação ajuda a Polícia Militar na hora de montar o planejamento de ações de policiamento ostensivo. É importante o registro do ilícito ocorrido. A partir destes dados a Polícia Militar pode direcionar o policiamento ostensivo para a área. Se não tivermos a informação dos crimes e locais, não temos como reforçar o patrulhamento", orienta a secretaria.