Em prisão domiciliar, Maluf usa celular e pode sofrer investigação de juiz de execução penal
Em prisão domiciliar, o deputado Paulo Maluf (PP-SP) continua usando o celular. Nesta quinta-feira (9), o parlamentar suspenso atendeu a Folha de S.Paulo às 10h20.
Na terça (7), o deputado telefonou por engano ao jornal Valor Econômico, achando se tratar do telefone de um ministro. "Quando Deus me levar, eu fiz tanta coisa boa que eu tenho certeza que ele vai me absolver", disse Maluf em conversa de cerca de três minutos. "Você não anda um quilômetro em São Paulo sem ver uma obra minha."
"A saúde está melhorando", afirmou o deputado. Ele contou estar fazendo fisioterapia todos os dias da semana. "Se você passasse uma temporada na Papuda, iria precisar de muita fisioterapia."
Questionado sobre a decisão da Mesa Diretora da Câmara na quarta (8) de adiar o desfecho de seu processo de cassação, o deputado disse que não comentaria. "Pode ligar sempre, mas sobre isso não vou comentar", afirmou.
Ele também não quis falar sobre o uso de telefone em prisão domiciliar. "Querida, liga para o meu advogado, que eu sou um ótimo engenheiro da Politécnica."
Advogados ouvidos pela Folha dizem que o juiz de execuções penais deve instaurar um procedimento para apurar infração, mas que o parlamentar não deve ter a prisão domiciliar revogada, por causa da saúde frágil.
O Tribunal de Justiça de São Paulo afirmou, por meio de nota, que o deputado "tem as mesmas restrições que teria se estivesse cumprindo sua pena no regime fechado".
Maluf foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal a sete anos, nove meses e dez dias em regime fechado por crimes de lavagem de dinheiro. O tribunal afirmou que caberá ao juiz responsável avaliar o caso.
A defesa diz desconhecer as circunstâncias do uso de celular e que orienta Maluf a não manter contato "com pessoas não autorizadas, salvo em situação excepcional".