CULTURA

Exposição destaca a arte em desenhos, madeira e cerâmica


Pelos frutos se conhece a árvore. O antigo provérbio popular é materializado em obras de arte em madeira e cerâmica na exposição "Manualidades atávicas", que será aberta neste sábado (18), das 16h às 21h, na Casa Shakti (rua Brigadeiro Faria Lima, 70, Jardim dos Estados). A mostra, com entrada gratuita, reúne trabalhos do artista visual Fábio Florentino e de seus pais, o marceneiro Wilson Almeida e a ceramista Luiza Florentino. As obras podem ser conferidas até 29 de setembro, de terça a sexta, das 9h às 20h. Hoje, durante a abertura da exposição, haverá apresentação de música ao vivo com Khalil Magno.

Com curadoria da artista plástica Silvana Sarti, a exposição eleva a natureza, o sagrado e o rito, elementos preciosos e valorizados pela família, que vive na zona rural de Iperó, por meio de intervenções gráficas de Fábio, com pinturas a tinta óleo, tempera e desenhos em nanquim, sobre papel, tela e também peças de madeira e cerâmica produzidos pelos seus pais. "Esse caleidoscópio de obras e objetos que compõe as "Manualidades atávicas", realizados por uma família atenta à aquilo que os rodeia, faz seu cotidiano ter sentido, é a oração diária ao divino, seja na sua função, forma ou conteúdo. A arte e a vida em perfeita harmonia. Corpo, alma e infinito", escreve a curadora.

"Manualidades atávicas" é a primeira exposição com curadoria de Silvana Sarti, responsável pela coordenação de exposições da Casa Shakti, espaço inaugurado em maio, voltado à prática de yoga, massoterapia e atividades holísticas.


Mostra une peças feitas por cada um dos três artistas, entre elas intervenções gráficas de Fábio Florentino - DIVULGAÇÃO Mostra une peças feitas por cada um dos três artistas, entre elas intervenções gráficas de Fábio Florentino - DIVULGAÇÃO


As obras de Fábio Florentino, aponta a curadora, possuem forte ligação ao sagrado, as forças que regem a vida, aos ciclos da natureza. Aliás, o vínculo entre o homem e o sagrado através da natureza -- especialmente à botânica, muitas vezes envolvida numa atmosfera mística e sincrética -- é objeto da pesquisa contínua desenvolvida pelo artista e foi o mote de "Réquiem botânico para Francisco", exposição individual do artista que ficou em cartaz em setembro do ano passado na Fernanda Monteiro Galeria. "Eu conheci o Fábio lá e percebi que as nossas pesquisas possuem muitos pontos em comum", diz a curadora.

A minuciosa artesania exercida por Wilson e Luzia Florentino, respectivamente marceneiro e ceramista, enriquecem a mostra com objetos utilitários, conferindo autenticidade e identidade para os momentos familiares, como uma simples refeição, que carrega consigo forte carga ritualística. "Muitos dos meus trabalhos não são inéditos, porém, tem novidade nas parcerias: considerei que tanto a geografia quanto a filosofia do local expositivo permitiriam uma colaboração em família. Agrego na mesma mostra práticas manuais exercidas pelos meus pais que, constantemente, na artesania dos seus ofícios, influenciam meus processos criativos", comenta Fábio.

A mostra inclui trabalhos em pequenos formatos executados com técnicas diversas e também três telas grandes, pingentes de cerâmica e banquinhos de madeira personalizados. De acordo com Silvana, a união entre a arte e o artesanato visa valorizar o respeito às práticas manuais, tão importantes para desenvolvimento de um produto único e representativo da cultura de um povo. "Por que essa distinção entre arte e artesanato? A cerâmica, por exemplo, não é original porque usa a mesma técnica de cinco mil anos atrás? O cuidado que se vê nas peças, que não são feitas em série, e são únicas, nos obriga a reconhecê-los como artistas e darmos o devido valor", diz.