SAÚDE

Dúvidas sobre pólipo e câncer intestinal são comuns nos consultórios médicos




Marina Costa
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O câncer de intestino ou câncer colorretal é uma doença conhecida, porém incomum em pessoas com menos de 40 anos. Cerca de 90% dos casos acontecem após os 50 anos de vida, explica o médico Luis Antonio Pires, oncologista clínico e um dos diretores do Instituto de Oncologia de Sorocaba (IOIS). Segundo informações publicadas no livro "Doenças, conhecer para prevenir", do médico Mário Cândido de Oliveira Gomes, "o câncer do cólon e do reto é responsável pela morte de 7% dos portadores de neoplasias no Estado de São Paulo, sendo considerada a quarta causa de morte mais comum em casos de câncer, perdendo apenas para neoplasias de pulmão, estômago e mama".
É muito comum as pessoas confundirem pólipos intestinais com câncer de intestino, mas a presença de um ou mais pólipos não quer dizer que o paciente tenha câncer. Esse costuma ser um dos primeiros questionamentos que os pacientes fazem aos médicos quando um pólipo é diagnosticado durante o exame de colonoscopia - exame visual realizado através da introdução de um pequeno tubo flexível com uma câmera na ponta, pelo ânus, para identificar eventuais problemas no intestino grosso.
"Os pólipos são lesões, parecidas com verrugas, que se desenvolvem na parede interna do intestino grosso. Apesar de existir uma relação entre pólipo e câncer, a maioria dos pólipos não vai virar câncer, se diagnosticada com antecedência", comenta Luis Antonio Pires.
Esse tipo de doença é muito comum e, segundo o médico, atinge entre 30 e 50% dos adultos acima de 50 anos. "Geralmente o rastreamento para pólipos (colonoscopia) é recomendado para as pessoas a partir dos 50 anos. Os familiares de primeiro grau de uma pessoa que apresentou pólipo adenomatoso intestinal (ou câncer de intestino) antes dos 60 anos apresentam um maior risco de desenvolver pólipos quando comparados com a população geral. Nessas pessoas, o exame deve começar aos 40 anos", explica.
Pires esclareceu que existem dois tipos de pólipos, os hiperplásticos e os adenomatosos, sendo que o primeiro geralmente é pequeno e não tem potencial de malignização (virar câncer), e o segundo não desenvolverá câncer, embora exista o potencial. "Dessa forma, como regra geral, quando identificados, devem ser retirados e enviados para exame microscópico. Demora em torno de 10 anos para um pequeno pólipo se transformar em câncer. É importante lembrar que a maioria dos cânceres de cólon surgem de um pólipo, porém, são minoria os pólipos que podem se transformar em câncer", ressalta.

Tratamento

Quando visto no início, o pólipo pode ser retirado de uma forma completamente segura e eficaz, através da colonoscopia, afirma Luis Antonio Pires. "A colonoscopia é o melhor exame para avaliação do intestino grosso, pois quando encontra algum pólipo, este já é retirado. A esse procedimento (retirada do pólipo) damos o nome de polipectomia. É um procedimento sem dor", explica. As pessoas que tiveram pólipos adenomatosos (com risco de câncer) retirados têm um maior risco de apresentar novos pólipos e assim devem ser acompanhados por um médico.

Sintomas, riscos e prevenções

Segundo o médico Gilson Delgado, oncologista e professor titular da PUC/SP, é difícil diagnosticar o câncer de intestino apenas pelos sintomas. Ele explica que normalmente esses sintomas surgem quando a doença já está em estágio avançado. O principal sintoma é o sangramento anal, depois cólicas abdominais, início de hemorroidas e, em casos mais graves, sangue e muco nas fezes.
Os riscos de ter um pólipo aumentam em pessoas com tendência hereditária e também naqueles que fumam ou sofreram alterações alimentares, como aumento do teor de gordura na alimentação, excesso (mais de 500g por semana) de carne vermelha, diminuição da quantidade de fibras na dieta ou quantidade de cálcio alimentar ingerida.
Para evitar o problema, Gilson Delgado diz que exercícios físicos reduzem os riscos, bem como emagrecer e comer menos gordura. "Vale lembrar também que o exame de colonoscopia deve ser realizado periodicamente e é muito importante que a pessoa cuide bem da saúde, evitando excessos e reeducando os hábitos alimentares", completa. (Supervisão: Armando Rucci Filho)