VIVA COM MAIS SAÚDE

Mamografia é a melhor alternativa para um diagnóstico mais preciso





Lucas Spirim
[email protected]
programa de estágio
"A única estratégia, até hoje, que é comprovadamente efetiva na redução da morte de mulheres, em decorrência do câncer de mama, é a mamografia. Não estou desaconselhando às mulheres a não fazerem o autoexame, mas estou alertando que na ciência médica não foi provada sua eficácia", alerta o mastologista Alexandre Vicente de Andrade. A mamografia é a radiografia das mamas. O exame consiste em uma compressão suportável do seio, e mostra supostas alterações no órgão para uma melhor detecção de nódulos e tumores. Mulheres da faixa etária de 50 a 69 anos devem fazer mamografia uma vez a cada dois anos e, a partir dos 40 anos, já é recomendável realizar o exame. Entretanto, para mulheres de até 35 anos que quiserem checar, é aconselhável o uso de ultrassom porque o tecido mamário é mais denso.
Um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Botucatu, revela que nos países desenvolvidos, a cada 100 diagnósticos de cancro de mama, ocorrem 19 óbitos. Na América do Sul, a proporção aumenta para 29,8 os casos de morte. Na África, a cada 100, sessenta morrem. Esses números refletem o porquê é importante a medicina preventiva. A pesquisa mostra que 50,1% das mulheres norte-americanas diagnosticadas com câncer de mama estavam no estágio inicial da doença. No Brasil, os diagnósticos com estágio precoce ocorreram em apenas 10% dos casos. A prevenção está diretamente ligada com a piora ou melhora de uma doença ou cancro.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), órgão do Ministério da Saúde, o câncer de mama é o que mais atinge as mulheres, tanto em países desenvolvidos como nos subdesenvolvidos. No último levantamento realizado pelo INCA em 2010 ocorreram no Brasil 12.852 mortes, sendo 147 homens e 12.705 mulheres.
Recentemente ficou famoso o caso da atriz Angelina Jolie, que fez uma dupla mastectomia preventiva. Angelina possui uma alteração no gene BRCA1, e isso predispõe o desenvolvimento do câncer de mama ou um tumor maligno no ovário, o qual segundo a atriz, também irá remover por prevenção. Essa predisposição genética acontece quando o paciente possui histórico familiar com câncer de mama ou ovário; as chances aumentam conforme a proximidade de grau - a mãe da atriz morreu de cancro no ovário. Andrade explica: "Apenas 10% dos tumores aparecem de maneira hereditária. Esse tumor de alto risco tem características que diferenciam dos esporádicos (dos outros 90%), pois eles aparecem em mulheres mais novas e tendem a ser mais agressivos", afirma.

Evolução

O tratamento do cancro de mama teve grande evolução nos últimos 40 anos, reduzindo o medo de estigma das mulheres após a operação, como diz o mastologista. "A década de 1980 foi importante nessa questão. Foi descoberto que em determinadas situações na qual os tumores foram detectados precocemente, as cirurgias conservadoras traziam a mesma taxa de cura, ou seja, já não era retirado o seio inteiro", complementa Andrade. Antes disso, era retirada não só a mama, mas também todos os linfonodos (desempenham papel na defesa do organismo, sintetizando anticorpos) da axila e, às vezes, até músculos. A década de 1990 também teve progresso nas operações, como conta o médico: "Estudou-se a possibilidade de não se operar mais a axila, não retirar todos os linfonodos. Começaram a tirar um linfonodo, dois, para saber se a axila estava comprometida ou não", informa. Além disso, ele cita os avanços da quimioterapia e a evolução das drogas, as quais ficam cada vez melhores, mais eficazes, e menos tóxicas. Com isso, as mulheres foram perdendo o medo do tratamento e se diagnosticando mais preventivamente.
Sobre a cura do câncer, embora existam tratamentos avançados e muitas vezes eficientes, grande parte dos tumores reaparecem nos primeiros cinco anos pós-tratamento. Quanto mais agressivo for o tumor, maior a chance de voltar precocemente, no caso, até três anos. Por isso, é importante diagnosticá-lo o mais cedo possível, pois assim diminui não só a evolução, mas também a possibilidade de ele voltar. Contudo, não há como afirmar se o paciente estará curado ou não, como esclarece o mastologista: "O fato de uma mulher estar bem nos cinco primeiros anos, não significa uma carta de alforria. Ela ultrapassou o período que mais frequentemente ocorrem as recidivas (reaparecimento). Porém, existem outros tumores que são menos agressivos e podem acabar voltando mais tardiamente. Não posso dizer "a partir deste dia você está curada". Mas dá para dizer "a partir deste dia a chance de você estar curada é grande, porque ele (o câncer) não voltou até agora", finaliza Andrade. Mesmo passado o risco da doença voltar, a mulher deve ir, no mínimo, uma vez por ano ao médico para fazer a triagem.
O médico deixa uma mensagem de esperança às mulheres, pois nada está perdido e é possível levar uma vida normal pós-tratamento. "É preciso olhar mais longe. Essa é a questão fundamental. Se olhar mais longe, tudo passa. O cabelo volta a crescer. A vida volta rapidamente ao normal", completa.

Prevenção masculina

Embora sejam casos raros, os homens também podem desenvolver câncer de mama. Andrade revela que em Sorocaba, apenas 0,5% das situações são masculinas e, como são poucos pacientes, não existe uma triagem específica para o homem. "Normalmente o câncer de mama incide em homens mais velhos, se manifestando como um nódulo", conclui. (Supervisão: Cida Vida)