ECONOMIA

Comer fora custa até 140% mais caro do que em casa

Anderson Oliveira
anderson.oliveira@ jcruzeiro.com.br

Decidir entre almoçar em casa ao invés de em um restaurante pode levar o consumidor a economizar até 140% o custo com alimentação. O variação é resultado da diferença entre o preço médio de um prato executivo - R$ 12,50 - e o gasto que se tem ao fazer esta mesma refeição em casa, que é de R$ 5,34. O levantamento, feito pelo Laboratório de Ciências Sociais Aplicada (LCSA), da Universidade de Sorocaba (Uniso), aponta que o sorocabano gasta mais que o dobro para comer fora de casa. A pesquisa foi feita em 12 estabelecimentos de rua e em 14 localizados em shopping centers.

O resultado do estudo revela que o prato comercial mais caro encontrado nos restaurantes de Sorocaba vale R$ 19,90, enquanto o mais barato é comercializado por R$ 7,00, resultando em um custo médio de R$ 12,50. Contudo, ao se levar em conta apenas os estabelecimentos de rua, o valor médio cai para R$ 10,80. "Em estabelecimentos localizados apenas em shoppings, o valor médio aumenta para R$ 14,25, cerca de 30% a mais em relação aos restaurantes de rua", diz o relatório assinado pelos professores do curso de Economia, Adilson Rocha e Lincoln Lima, coordenadores do LCSA.
A pesquisa abrange também o preço por quilo praticado na cidade, que custa, em média, R$ 30,90. O menor preço encontrado no levantamento foi de R$ 15,90, ao passo que o maior valor atingia R$ 45,90. Também neste caso, ocorre diferença significativa entre comer em restaurantes de rua e em shopping centers, revela o estudo. Enquanto no primeiro caso, o preço médio por quilo é de R$ 26,90, no segundo, ocorre um aumento maior de 50%, uma vez o valor médio sobe para R$ 40,90.
O hábito de se alimentar fora de casa é cada vez mais frequente entre os brasileiros, o que não é diferente em Sorocaba, diz o relatório. O estudo destaca que a saída das mulheres do lar para o mercado de trabalho, o aumento da classe média e a correria do dia a dia estão entre os principais motivos para essa mudança de costume.

Em casa

Para calcular o quanto a refeição fora de casa é mais cara, os pesquisadores do LCSA levantaram, junto a comerciantes locais, o peso médio de cada item em um prato comercial e, em seguida, o correspondente em comida crua. De acordo com o estudo, como a mistura é o item que mais pesa no custo da refeição, o cálculo utilizou um exemplo de prato com filé de frango e outro com bife bovino (contra-filé).
O menor custo, segundo a pesquisa, foi de R$ 4,34 e, o maior, R$ 6,34. "Tomamos como o valor da refeição feita no próprio lar a média desses dois valores, ou seja, R$ 5,34."

Tempo, praticidade e variedade

A redução do tempo que perderiam se fossem para casa, a praticidade de encontrar a comida pronta e a variedade do prato são os principais motivos que levam os sorocabanos a comerem fora de casa. É o caso da vendedora Karine Cândido Santos, que conta que a falta de tempo é que faz com que tenha de comer em restaurante. "Quem trabalha, às vezes tem de ir pra faculdade, não dá tempo", explica. Mas, segundo ela, sempre que é possível, faz sua refeição em casa.
Embora more perto de casa, o empresário Roque Eloi Schaefer prefere comer em restaurante. "Eu não faço as contas, mas como não quero comer em casa, como aqui", diz. Ele comenta que a diversidade dos pratos é o maior atrativo de se comer fora de casa. "Se eu quiser três, quatro tipo de saladas, não vou ter em casa", conta, acrescentando ainda o custo que teria se pegasse o carro para ir para casa.

Comer todos os dias fora de casa é o mais prático para o dentista Ildefonso Roberto Adad. "Sou divorciado, até sei cozinhar, mas é difícil cozinhar em casa" diz. Ele calcula que, gastando uma média de R$ 13 por dia ao comer em restaurantes de rua, em um mês, tem o custo de R$ 400. "Se eu cozinhasse em casa, gastaria R$ 200; economizaria 50%, mas é difícil", conclui.