Gerdau confirma demissões com o fim de unidade em Sorocaba
Marcelo Roma
marcelo.roma@ jcruzeiro.com.br
A siderúrgica Gerdau irá demitir a maioria dos 160 funcionários que trabalham na unidade de Sorocaba, que será fechada até setembro. "A redução de postos de trabalho foi o último recurso após a tomada de uma série de medidas para evitá-la", informou, ontem, a empresa, em nota. Alguns trabalhadores serão transferidos para outras unidades e outros estão se aposentando, diz a Gerdau.
Sobre as demissões, a empresa afirma que "aqueles que estão sendo desligados receberão um pacote diferenciado de benefícios." A unidade de Sorocaba fabrica aços laminados e a produção está sendo transferida para outras unidades, conforme a empresa. "Grande parte desse volume será fabricado pela usina de Mogi das Cruzes, também no Estado de São Paulo."
O motivo para a desativação da unidade de Sorocaba, como a Gerdau já havia anunciado no início da semana passada e publicado pelo Cruzeiro do Sul, "ocorreu principalmente pela necessidade de otimização das atividades das operações da empresa no segmento de aços especiais, frente ao complexo cenário vivenciado pela indústria do aço no Brasil e no mundo." O atendimento ao mercado continuará normalmente, de acordo com a empresa.
Reunião na sexta-feira
A direção do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) propõe alternativas para a demissão da maioria dos 160 trabalhadores de Sorocaba. A empresa não confirmou exatamente quantos são os que foram ou serão demitidos. Segundo o SMetal, por meio da assessoria de imprensa, uma reunião do presidente do diretor do grupo Gerdau, André Gerdau, foi pré-agendada com o presidente do SMetal, Ademilson Terto da Silva, para a próxima sexta-feira. O assunto principal do encontro deve ser a manutenção dos empregos. "Queremos conversar sobre opções que preservem os empregos", diz Terto.
O sindicato também pediu uma reunião com o prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB), que, até ontem à tarde, não havia sido agendada. Os assuntos que o presidente do SMetal pretende tratar são o eventual apoio de Pannunzio para evitar as demissões e também se há previsão de uso da área da fábrica pelo poder público. A respeito do terreno, a Gerdau informou ontem, "que avalia alternativas para sua destinação", portanto, não teria havido negociação ou acerto firmado antes da decisão de desativar a unidade de Sorocaba.
A fábrica onde está instalada a Gerdau foi fundada em 1938 com o nome Metalúrgica Nossa Senhora Aparecida. Começou produzindo ferramentas agrícolas. Em 1940, foi instalado o primeiro forno para aço. Há especulações de que a grande área ocupada pela empresa, valorizada e próxima ao centro de Sorocaba, tenha sido o motivo para a desativação.
Araçariguama
Na última sexta-feira, cerca de 40 trabalhadores terceirizados que prestam serviço para a Gerdau de Araçariguama, na Região Metropolitana de Sorocaba, protestaram pelo que consideraram más condições de trabalho. Também se queixaram do pagamento, que teria sido menor do que a empresa terceirizada havia oferecido. O grupo ficou por aproximadamente três horas parado em frente à empresa, na sexta de manhã.
Os trabalhadores, de Belo Horizonte (MG) e Volta Redonda (RJ), fazem serviço de manutenção em um forno do setor de laminação, segundo o SMetal. Eles reclamaram de jornada excessiva de trabalho (12 horas por dia), com apenas um intervalo para refeição, e também alimentação controlada, inclusive no alojamento. Após negociação, intermediada pelo sindicato, houve acordo para os pagamentos e compromisso de melhoria na alimentação e intervalos maiores para descanso. A maioria dos 40 trabalhadores terceirizados está na fase final do serviço.
A Gerdau emprega cerca de 400 pessoas em Araçariguama. A empresa não se manifestou, ontem, sobre os problemas trabalhistas da manutenção terceirizada.