SAÚDE

Varicocele é silenciosa e não tem sintomas




Telma Silvério
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Doença silenciosa e assintomática que pode levar à infertilidade, a varicocele é caracterizada pelas veias dilatadas do cordão que suspende os testículos. Também é definida como a formação de varizes nas veias da região escrotal, normalmente decorrente de fatores genéticos. Embora possa acometer ambos os lados, o urologista Ailton Peron explica que é mais comum no esquerdo, provavelmente pela posição da veia testicular esquerda que dificulta o retorno do sangue. Ainda assim, a varicocele em um só testículo pode afetar a produção de espermatozóides em ambos os testículos. Apesar de se ouvir relatos de dores, o especialista esclarece que a causa pode estar relacionada a outras situações que devem ser observadas, em especial as roupas apertadas ou justas. "A principal causa de dores está ligada às calças apertadas e cuecas muito justas."
O urologista afirma que a varicocele em si não doi. "As pessoas acreditam que as veias que causam dor, mas não." Peron explica que a veia dilatada (varicocele) começa a aparecer na adolescência, mas vai se desenvolvendo à medida que o testículo começa a se desenvolver na puberdade. O testículo vem para a bolsa, popularmente chamado de saco ou escroto, para que tenha uma temperatura um pouco mais baixa de forma a possibilitar a fertilidade. A formação dessas veias trazem prejuízos ao fluxo sanguíneo, além do aumento da temperatura local e podem provocar alterações na quantidade do sêmen e na qualidade dos espermatozóides. A varicocele, portanto, é uma das causas da infertilidade. "Isso porque nem sempre a causa da infertilidade é a varicocele", ressalta. O diagnóstico da doença é feito somente através de exame clínico, ultrassonografia da bolsa escrotal e espermograma. A doença é diagnosticada pelo especialista (urologista), assim como os seus graus, que a partir do 1 podem chegar ao grau 4. E quanto maior o grau da varicocele, mais espessas e visíveis são as veias.

Diagnóstico e tratamento

De acordo com o urologista Ailton Peron, o tratamento da varicocele é direcionado principalmente pelo espermograma. É observada a quantidade e a movimentação dos espermatozóides, pois a prioridade é melhorar o nível de fertilidade. O especialista afirma que não existe medicamento para melhorar, sendo o tratamento geralmente cirúrgico, no entanto, vai depender do paciente, que pode optar ou não pelo procedimento. Algumas vezes são feitas cirurgias pelos efeitos estéticos, normalmente em graus mais elevados como nos graus 3 e 4. "A presença é maior das veias, mas o procedimento é feito com indicação médica." Em outros casos, acrescenta, o paciente não se incomoda e, mesmo com a varicocele em graus mais altos, descarta a realização de cirurgia.
Para o médico urologista todo procedimento tem seus riscos. A cirurgia considerada de médio porte é realizada na região da virilha, com a ligadura dessas veias varicosas, explica. Peron revela que nos graus 1 e 2, dependendo do espermograma, não há indicação formal para cirurgia. Por outro lado, por questão estética, aparecem casos em que há indicação, em especial de pacientes jovens, inclusive com idades entre 16 e 18 anos.
Independente da varicocele, a pessoa deve procurar um profissional para mais esclarecimentos se constatar qualquer alteração nos órgãos genitais. O especialista chama a atenção para o uso de roupas apertadas, pois pode causar dores nos testículos. Os cuidados com a fimose e a higienização, além do risco de doenças sexualmente transmissíveis foram alertadas. "Importante o uso de preservativos para prevenção de doenças." Em caso de qualquer alteração no órgão como ferida e verruga, por exemplo, é necessário procurar um urologista. Peron também fala dos mitos relacionados à varicocele: não causa déficit da função erétil (chamada impotência); não afasta do trabalho; e não impede de jogar bola, exemplifica.