Instalação de aterro preocupa moradores de Araçariguama
José Antonio Rosa
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A instalação de um aterro sanitário no bairro Butantã preocupa moradores de Araçariguama, na Região Metropolitana de Sorocaba, que se mobilizam para barrar o empreendimento. A comunidade adverte para o risco de o projeto provocar a contaminação das nascentes que desembocam no Ribeirão do Colégio, única fonte de captação de água da cidade.
Para conscientizar a população sobre o perigo que o empreendimento oferece, foi criado o Movimento em Defesa do Ribeirão do Colégio. A frente reúne cidadãos que conseguiram protocolar na Câmara local projeto de iniciativa popular que transforma a região onde o aterro está para ser implantado em zona de preservação permanente.
A proposta foi aprovada por unanimidade pelo Legislativo que também deu parecer favorável a outra iniciativa, de autoria do prefeito Roque Hoffman (PSDB), que decreta o local como Zona de Especial Interesse Social (Zeis). "Ou seja: criou-se situação curiosa, na medida em que uma medida busca preservar e outra abre campo para a exploração e a degradação", diz o advogado Mário Luiz De Marco.
Morador da região, o estudante de Engenharia, Eric Henrique Soares, disse que a possível entrada em funcionamento do aterro preocupa, e muito, a comunidade. "Para nós, esse empreendimento é muito nocivo e vai impactar na qualidade de vida dos que aqui hoje se encontram", afirmou.
O administrador Robson Navarro Diniz lembrou que o aterro foi projetado para atender à demanda de pelo menos 16 municípios, além de Araçariguama. "Aqui são produzidas 4 toneladas de lixo por dia e a capacidade do aterro é para mais de mil. E o pior é que outras empresas do segmento podem adquirir áreas aqui e fazer o mesmo".
O assunto também é discutido em ação popular à qual foi juntado laudo do Centro de Atividades Extrajudiciais do Ministério Público do Estado (Caex), cuja conclusão aponta para o perigo de o empreendimento ser levado adiante. O próprio comitê de bacia hidrográfica do Médio Tietê opinou contrariamente à ação.
O movimento deve encaminhar pedido para que o problema seja incorporado à agenda recém-criada Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), já que outras cidades correm o mesmo risco de se sujeitar ao mesmo transtorno. Espera, também, agendar audiência pública na Assembleia Legislativa para discutir a questão e buscar o apoio dos que exercem representação política na Casa.