REFLEXÃO

O Altíssimo abençoa sem alarde


-- Tenho fé. Deus haverá de me socorrer -- disse o cidadão que há pouco residia na cidade, quando vizinhos o alertaram de que o rio ameaçava extravasar, por conta das chuvas de verão, e provavelmente alcançaria o bairro em que morava. 

A inundação chegou, invadiu a casa e, ele, encarapitado no guarda-roupa, rejeitou o auxílio de amigos que, com um carro estacionado a poucos metros da moradia, queriam retirá-lo. --Tenho fé -- repetiu. Com o mesmo bordão e agarrado a um ponto do telhado, não aceitou passar para o bote em que os bombeiros recolhiam os últimos atingidos.

Morreu afogado e, chegando ao céu, criticou a quebra da promessa divina de constante proteção. O anjo plantonista explicou: -- Enviamos socorro três vezes, através dos vizinhos, dos resgatadores voluntários e dos bombeiros, mas você não aceitou.

Quem, em meio à inundação, espera ser resgatado por uma equipe de anjos, morre afogado. O Eterno, sempre atento às suas necessidades, age discretamente, utilizando como mensageiros quem está à sua volta, até em situações de alto risco. Perseguido, ameaçado de morte e faminto, o profeta Elias buscou, por ordem do Senhor, a ajuda de uma viúva muito pobre. Em casa dela, na panela sempre havia farinha e, no jarro, azeite para a refeição do dia.

O mover de Deus é efetivo e silencioso. Sua aposta da sena não foi sorteada? O Eterno nunca prometeu que seria. O amigo poderoso não o convidou para o cargo bem remunerado pelo qual ansiava e anseia? O Senhor jamais prometeu que tal oferta ocorreria. Sem respostas espaventosas, ele conhece suas aflições. O socorro chegará, mas, quase certamente, ele o fará chegar às suas mãos, através de anjos visíveis e sem asas.

"A farinha da panela não acabou, e o azeite do jarro não faltou, segundo a palavra do Senhor, anunciada por meio de Elias."

1º Reis 17:16 Nova Almeida Atualizada
Geraldo Bonadio é jornalista. [email protected]