CULTURA

Artistas fazem ato na Oficina Grande Otelo


O movimento "Grande Otelo Vive", organizado pelo Fórum Permanente de Cultura de Sorocaba, realizou neste domingo (11) um ato com várias atividades como forma de protestar contra o estado de abandono e degradação do prédio do Fórum Velho e contra o fechamento da Oficina Cultural Grande Otelo, que funcionava no local. O prédio é um dos mais importantes símbolos relacionados à cultura, arte e história da cidade. As manifestações culturais duraram mais de dez horas.

A programação começou às 9h, com exposições fotográficas de Mariana Hamagushi, Fernanda Fróes, Brunno Kawagoe, Chris Justino e Núcleo Olho Vivo e de artes plásticas de Beatriz Maldonado e Isabella Brasil. Roda de samba, piquenique, capoeira e até uma oficina de yoga fizeram parte da ação durante a manhã. No período da tarde, houve várias apresentações musicais e de dança, além de roda de conversa.

Thiago Consiglio, presidente do Conselho Municipal de Cultura de Sorocaba e um dos membros do Fórum Permanente de Cultura, destacou a importância do ato. "A proposta é reunir os grupos artísticos da cidade para que a gente possa ocupar a praça Frei Baraúna. Queremos olhar para aquele prédio e afirmar que ele também é da cultura", disse. "Gostaríamos de um posicionamento efetivo da sociedade civil sobre a importância do local", acrescentou.

A artista Nátalin Guvêa, que também é membro do Fórum Permanente de Cultura, enfatizou que o ato ocorre pelo fato de o local fazer parte também do compromisso social da cidade. "O espaço é público e está na nossa cidade. É uma tristeza ver isso. E isso aqui é nosso", lamentou.

Pessoas que frequentaram cursos e atividades na extinta Oficina Cultural Grande Otelo participam do ato e também lamentaram o estado atual do lugar. "Tenho uma história muito grande com a Oficina Cultural. Dei aula, fiz exposição. É uma pena tudo isso que está acontecendo", disse Edeson Souza, que ajudou a organizar até feiras nacionais de fotografia no local.

Claudinei de Jesus Rosa, que foi uma das primeiras pessoas da cidade a trabalhar no local, quando o prédio virou Oficina Cultural, também lamentou a situação. "Sinto um vazio, uma tristeza. Aprendi a fazer muita coisa neste local", contou. "Queremos reviver esse espaço que já pulsou cultura dia e noite."

O professor José Simões, blogueiro do Jornal Cruzeiro do Sul, também compareceu ao ato. "Precisamos de ações públicas que ocupem aqui e as pessoas não estão olhando para isso", afirmou. "Não precisamos de vigilância aqui, precisamos de mais ações culturais", comentou Simões.

O diretor de teatro Benão de Oliveira, que foi monitor no local durante 8 anos, relembrou os tempos áureos da prédio, onde ocorria o Festival Terra Rasgada, com várias modalidades artísticas e que chegava a ter público de 2.000 pessoas. "Foi um projeto que marcou a cultura da cidade e a própria Oficina Cultural Grande Otelo. É uma tragédia o que está acontecendo, não só para a cultura, mas para a cidade, para o munícipe. Perdemos o prédio", explanou.

A organização não divulgou balanço sobre o público que prestigiou os eventos.

MP

No final de janeiro, o promotor de Justiça Jorge Alberto de Oliveira Marum, do Ministério Público de Sorocaba, entrou com ação civil pública contra a Prefeitura e o Estado, solicitando a restauração e a preservação do prédio onde funcionava a Oficina Cultural Grande Otelo. A ação aguarda manifestação do juiz.

O prédio, da Secretaria de Estado da Cultura, foi fechado para reforma em abril de 2014, mas as obras foram interrompidas em maio de 2015 devido à identificação de problemas estruturais na fundação.