SOROCABA E REGIÃO

Suspeito pela morte de Juliana Jovino é preso


O técnico de laboratório de 33 anos envolvido no caso da jovem Juliana Jovino, 24 anos, encontrada morta na represa de Itupararanga, em Votorantim na tarde do dia 25 de dezembro último, foi preso temporariamente nesta terça-feira (20). Ele responderá pelos crimes de tráfico privilegiado, homicídio doloso com quatro qualificadoras e uma agravante, e abandono de incapaz. Ainda no dia de Natal, mas no período da manhã, a filha de Juliana, de 2 anos de idade, foi abandonada por ele numa rua do Jardim Novo Eldorado, em Sorocaba. Familiares da jovem se disseram aliviados.

Para o delegado Gilberto Montenegro Costa Filho, do 2º Distrito Policial de Votorantim, e que fez todas as investigações, o suspeito, que em depoimentos anteriores já havia confessado tê-la jogado na represa, "teve total desprezo pela vida da Juliana". As qualificadoras, dentro do homicídio culposo são ocultar crime anterior, feminicídio, asfixia, e meio que impossibilita a defesa da vítima. A agravante se refere ao fato de cometer o crime na frente da filha da vítima.

Saiba mais:
19/01/2018 - Investigado no caso Juliana presta novo depoimento
12/01/2018 - Homem que acompanhou jovem morta em represa se apresenta
28/122017 - Laudo constata morte de garota achada na represa por afogamento

Apesar da confissão do técnico de segurança em ter jogado a jovem na represa de Itupararanga, o delegado explicou ter aguardado o laudo do exame toxicológico para fazer o indiciamento, uma vez que pela versão inicial, o suspeito dizia ter agido daquela maneira por achar que ela estivesse morta por overdose, reconhecendo inclusive que haviam feito uso de drogas. Entretanto, o resultado deu negativo para álcool, e apontou menos de 0,2 microgramas de cocaína por mililitro de sangue, não caracterizando estado de overdose. Segundo o delegado, a caracterização seria a partir de 0,7 microgramas. Com o resultado, a jovem, "não estaria tão desfalecida a ponto de se passar por morta", acrescentou o delegado. Com base nisso, "meu raciocínio jurídico, e que foi aceito pela promotoria pública e pela Justiça, é o de que ele adquiriu e forneceu a droga para consumirem juntos (caracterizando o tráfico privilegiado, que é quando não há interesse em obtenção de lucro financeiro), não a socorreu e a deixou na represa, e em seguida cometeu o abandono de incapaz, deixando a criança sozinha numa rua de Sorocaba", disse.

Gilberto Montenegro entende que o indiciado, ao não prestar socorro, pretendia evitar que descobrissem que ela estaria drogada para não ser descoberto o tráfico, e que o feminicídio se deu pela "relação íntima de afeto", pois embora se conhecessem há pouco tempo, haveria a intenção de terem relação sexual. A asfixia foi pelo afogamento. Sobre a agravante, o delegado disse que a menina falou à família que a mãe não estava no céu, mas debaixo da água, dizendo o mesmo à primeira conselheira tutelar que teve acesso à criança, e aos responsáveis pelo abrigo em que a menina ficou temporariamente.

Gilberto Montenegro também atentou que a importância das qualificadoras se dá no sentido de tornar o crime hediondo e que a condenação pode chegar a até 44 anos em regime fechado.

Alívio


A família de Juliana Jovino, que desde o início acompanhou as investigações, foi ontem no 2º DP de Votorantim, mas não viu o suspeito sair do prédio para ser levado à cadeia de Pilar do Sul.Acompanhada da mãe Maria Aparecida e da irmã Rosana, Vera Lúcia disse que o sentimento é o de "coração mais aliviado por saber que ele vai pagar pelo que fez".

Entenda o caso

O técnico de laboratório e Juliana teriam se conhecido em um bar na noite do dia 23 de dezembro. Eles teriam passado a noite bebendo e usando drogas, segundo o delegado. Na manhã do dia 24, Juliana, ele, e um grupo de amigos teriam seguido para a casa do indiciado em Votorantim. Depois, foram para Sorocaba. Mais tarde, Juliana, a filha e o indiciado teriam retornado a Votorantim, até a casa dele, onde ele disse acreditar que ela teve uma overdose. Ele afirmou que após deixar a menina em uma das ruas do bairro Jardim Novo Eldorado -- ainda no dia 24 --, foi à represa de Itupararanga, onde deixou Juliana, que acreditava estar morta.