Símbolo do modo de vida americano, marca de cafés Starbucks é comprada pela multinacional suíça Nestlé
Por MARCO MERGUIZZO
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A notícia já estava circulando na semana passada no meio jornalístico que trata e cobre o superaquecido e crescente segmento de cafés especiais (fique por dentro sobre este tema, relendo o post que eu fiz sobre cafés gourmets e a revolução de qualidade que eles estão promovendo hoje nas xícaras; clique aqui e vá direto para a página). Em tempos de globalização e megafusões ocorridas mundo afora em vários setores econômicos, nas últimas décadas, não foi surpresa portanto o anúncio oficial feito nesta segunda, 7/5, da mais "fumegante" aquisição do setor de alimentos premium: a compra da rede norte-americana Starbucks pela gigante suíça Nestlé pelo montante superlativo de 7,15 bilhões de dólares ou 25,4 bilhões de reais pela cotação do câmbio de hoje, que anda lá nas alturas.
A multinacional suíça pagou a "bagatela" pelos direitos das marcas da rede que nasceu na cidade de Seatle, na Costa Oeste americana, para vender nos supermercados do mundo todo o café e os demais produtos que ostentam o seu conhecido símbolo. Ultraconhecido não só nos Estados Unidos mas em vários países, incluindo o Brasil, o icônico café era servido, além das 28.000 unidades da rede planeta afora, em embalagens prontas para beber, distribuídas em máquinas e nos aviões de algumas companhias aéreas.
Os inconfundíveis copões da Starbucks, de mais de 500ml, virou da mesma forma que se toma coca-cola nos EUA símbolo do american way of life. Como costumam comprar café "to go", os americanos caminham pelas ruas com o copo cheio de cafeína – o hábito, por sinal, disseminado pelo mundo pela rede recém-adquirida pela Nestlé, faz transparecer ser "cool" caminhar para baixo e para cima sorvendo café de copo em punho. Ou seja, depois do tradicional "chafé" (o café meio aguado para o nosso paladar), os Estados Unidos acabariam por consagrar outro "estilo" digamos de café: o "walking coffee".
Seja como for, a partir de agora, os consumidores de todas as partes poderão comprar o famoso café em grão, moído e em cápsulas, além de sorvê-lo na rede de cafeterias, nos supermercados, bares e restaurantes de todo o mundo, graças ao poder de fogo de distribuição e comercialização da Nestlé.
A venda de cafés voltados para consumo doméstico e na restauração profissional (excetuando-se cafeterias) já representa 10% do faturamento da Starbucks, que em 2017 foi de 22,4 bilhões de dólares (quase 80 bilhões de reais). No entanto, esses 2,2 bilhões incluem as embalagens prontas para beber, que ficam fora do acordo com a multinacional.
Com essa tacada comercial de mestre, o objetivo da Nestlé é poder crescer e consolidar-se ainda mais na pátria-natal da marca e no restante do mundo com a ajuda da Starbucks, assim como assumir uma posição de liderança nos negócios de café premium em grão, moído e em porções. Consequentemente, além de transferir o seu enorme know-how e prestígio, a Starbucks virará fornecedora da Nestlé tanto de café moído como em grão e de outros produtos, e suas variedades passarão a fazer parte da gama de cápsulas Nespresso e Dolce Gusto.
"Com Starbucks, Nescafé e Nespresso (cápsulas) reunimos três marcas icônicas no mundo do café", ressaltou em nota à imprensa o executivo-chefe da Nestlé, Mark Schneider. Já Kevin Johnson, presidente-executivo da Starbucks disse no mesmo comunicado que "esta aliança global levará a experiência Starbucks a milhões de lares em todo o mundo, através do alcance e da reputação da Nestlé".
A dupla de executivos acredita que o conglomerado irá turbinar ainda mais os negócios do grupo - que, por sinal, já era muito bem-sucedido, obrigado - para cobrir as constantes e mutantes necessidades das atuais e futuras gerações de consumidores, ampliando consideravelmente a presença e o domínio da Nestlé em lojas de alimentação e foodservice (restauração ou catering).
Fundada há 150 anos pelo farmacêutico alemão Henri Nestlé, a multinacional suíça é a maior player multinacional de alimentação do mundo, com 1 bilhão de produtos comercializados diariamente. Já a rede norte-americana de cafés fundada há 45 anos por Howard Schultz na cidade de Seattle, na Costa Oeste dos Estados Unidos, tornou-se um império com um faturamento anual de 19,16 bilhões de dólares (68 bilhões de reais), segundo o seu balanço de 2017.
Seu indefectível logotipo de uma sereia estilizada com duas caudas e seios nus foi inspirado em um entalhe escandinavo do século 16. Já o nome tem como origem o personagem Starbuck, marujo que era o imediato (oficial de maior categoria em um barco a fazer o serviço de quarto) no famoso clássíco Moby Dick (1851), romance escrito no século 19 pelo escritor noivaiorquino Herman Melville e eternizado também no cinema em várias películas.
(*) Marco Merguizzo é jornalista profissional especializado em gastronomia, vinhos, turismo e estilo de vida. Confira outras novidades no Instagram (@blog 1gole1garfada1viagem) ou clique aqui e vá direto para a página do blog no Facebook