Antes que me esqueça

Carlos Heitor Cony - Quase memória


Rubens Nogueira

O autor do livro Quase Memória - Quase-Romance já cumpriu sua missão terrena. Nos últimos anos de vida, idoso e cadeirante mantinha um ritmo de trabalho digno de um titã - no rádio, na televisão, no Conselho editorial da "Folha de São Paulo" onde escrevia todos os domingos (foi substituído por outro gigante operário das letras, o poli homem de letras Ruy Castro). Ruy escreveu, na contracapa do livro: "Qual é o maior romance de Carlos Heitor Cony? Para alguns é Informação ao Crucificado, de 1961, para outros é Pessach a travessia, de 1967 (...)"

Cony ficou famoso na ditadura militar que teve início em abril de 1964. Seus artigos contra os generais lhe valeram várias prisões.

Quando Adolfo Bloch entregou-lhe a chefia da redação da revista "Manchete", Cony deu grande impulso àquela organização jornalística que tinha como concorrente a revista "O Cruzeiro", de Assis Chateaubriand e inúmeras publicações semanais e quinzenais, além da TV Manchete.

Quando o Presidente Juscelino Kubitschek caiu em desgraça, encontrou abrigo no Grupo Bloch e assistência pessoal de Cony, que o assessorou como "Ghost writer".

O livro Quase Memória - Quase-Romance tem enredo de livro detetivesco e é uma homenagem ao pai, repórter, do "Jornal do Brasil".

Está em cartaz, baseado nesse livro, um longa metragem com roteiro e direção de Ruy Guerra.

Carlos Heitor Cony foi seminarista e pertenceu a um seleto grupo de ex-padres como Roberto Campos, que não foram padres mas tiveram uma privilegiada formação cultural.

O livro ganhou importantes prêmios: Machado de Assis, da ABL; Prêmio Jabuti e livro do Ano, 1996.

O livro é dedicado à Mila, a mais que amada.