A vida chama

Constelação Familiar: a cura sistêmica


No último final de semana, concluí a minha Formação em "Constelação Familiar". Trata-se de um método psicoterapêutico desenvolvido pelo alemão Bert Hellinger. Psicanalista de formação, ele iniciou seus estudos observando os padrões de comportamento que se repetem nas famílias, ao longo das gerações. A dinâmica do processo em si é algo difícil de explicar. Tem a ver com campos mórficos. Física quântica. Só mesmo assistindo e participando de uma sessão para entender a complexidade, a intensidade e o poder dessa ferramenta terapêutica. Mas vou explicar a sua essência.
 
Basicamente, em seus estudos, Bert Hellinger identificou três leis que regem os relacionamentos humanos: a ordem, o pertencimento e o equilíbrio. São elas que norteiam o diagnóstico e o trabalho das Constelações. Respeitar essas leis oferece um caminho para uma vida mais leve e em conformidade com nosso destino. Desrespeitá-las, conscientemente ou não, traz manifestações que serão percebidas como dificuldade ou peso pelos membros de um sistema. Vou detalhar cada uma dessas leis para que você entenda direitinho e reflita sobre a possibilidade de haver algum emaranhamento em seu núcleo familiar.
 
Dentro de um sistema, a hierarquia é comandada pela precedência no tempo. Há uma ordem. Isso significa que aqueles que vieram antes têm autoridade sobre quem veio depois. O avô tem precedência sobre um neto, o irmão mais velho tem precedência sobre o irmão mais novo. No grupo sistêmico, a compensação favorecerá sempre quem veio primeiro. Por esse mesmo motivo, os que sucedem não podem nem devem interferir nos assuntos dos que vieram antes. Se, por exemplo, seu pai morre e você "assume o papel dele" nas decisões familiares, você está fora do seu lugar e isso pode gerar emaranhamentos. É preciso respeitar a hierarquia.
 
A segunda lei, a do pertencimento, diz que todo membro de uma família tem o mesmo direito de pertencer. O sistema preocupa-se em proteger todos da mesma forma e, por isso, não conhece nenhuma exceção. A exclusão aparece, por exemplo, quando alguém sofre um aborto. Esse bebê quase nunca é lembrado pelos familiares. Muito pelo contrário: é um assunto proibido. Mas independente do seu precoce fim, sua vida foi gerada. Ele existiu. Portanto, tem um lugar no sistema familiar. Ele pertence.  
 
Como na física, os sistemas buscam o equilíbrio entre as trocas que ocorrem. O mesmo acontece nas relações entre as pessoas. A terceira lei, a do equilíbrio, aborda justamente essa troca igualitária entre o dar e tomar no trabalho sistêmico. Existe uma busca de reciprocidade e compensação nas relações humanas. Uma relação 100% saudável deve contar com 50% de cada parte envolvida. Se por exemplo, em um casamento, o marido investe 20% nessa relação e a mulher 80% há um desequilíbrio. A conta não fecha.  
 
As três leis parecem simples e óbvias, mas aplicá-las em nosso dia a dia exige muita atenção, esforço e, principalmente, benevolência e amor. Eu tomei contato com esta ferramenta terapêutica há pouco mais de quatro anos, mas foi durante a minha Formação que pude vivenciar essas leis em minha vida e o impacto gerado pelas Constelações às quais me submeti como cliente. 
 
Conquistar esse "olhar sistêmico" exigiu de mim um "olhar adulto" e muita força para observar questões delicadas do meu sistema que precisavam ser trabalhadas. Enquanto ainda estamos infantilizados ou nos vitimizando diante de um emaranhamento, não podemos ser submetidos a essa terapia. Ela é muito forte e seus resultados, comprovadamente, mudam vidas. 
 
Ela é classificada como uma "terapia breve", pois acontece em uma única sessão, que dura, em média, 60-90 minutos, onde o cliente apresenta uma única questão. Caso queira trabalhar outros temas é preciso respeitar o intervalo mínimo de 3 meses. As Constelações podem ser feitas em grupo ou individualmente. Fica a critério do cliente. 
 
Como psicanalista, gosto de sugerir essa ferramenta aos meus pacientes, dentro de um processo terapêutico. O campo mórfico do sistema familiar nunca mente. Segredos. Sentimentos. Exclusões. Tudo pode vir à tona e é preciso estar preparado emocionalmente para olhar para essas questões ¿ antes e depois da Constelação.       
 
Hoje, vejo que muito mais do que um certificado, ganhei um olhar sistêmico sobre a minha vida. Enxergo e vivencio meu lugar no mundo de maneira mais responsável. Entretanto, muito mais leve. É libertador ocupar apenas o meu lugar e ficar só com o que é meu. Sinto-me pronta, não só profissionalmente, como emocionalmente, para poder exercer esse importante trabalho terapêutico. 
 
Gratidão às minhas mestras. Honro todo esse conhecimento que me transmitiram e me comprometo a passá-lo adiante com muita responsabilidade e amor!
 
Rita Bragatto - psicanalista, consteladora familiar e terapeuta floral  
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