Antes que me esqueça

O que vem por aí


Rubens Nogueira


A palavra, instrumento indispensável para a interação humana, (existem outros) começou a ser usada há 70 mil anos. Com a Revolução Cognitiva surge a linguagem funcional. Começo da História. Os sapiens se espalham a partir da África. Desde então, o primata que grunhia, vem aperfeiçoando, (civilizando-se?) a convivência – ele com ela e vice-versa ao contrário.

Mesmo que me considere leitor dedicado, somente há pouco dei-me conta – um mundo novo está chegando ... Kazuhiro Kosuge, engenheiro, pesquisador japonês, convidado pela Academia Brasileira de Ciências, afirma: "Uso de robôs como arma deve ser proibido". Ele pesquisa o assunto há trinta anos.

Camila Ghattas, consultora de futurologia, acha que até 2029 haverá um computador com o mesmo nível cognitivo de um ser humano; em 2045, uma máquina apenas terá mais capacidade do que todas as pessoas reunidas: "O digital não está contra a gente", diz.

O problema da inteligência artificial e da mente, é tema de um artigo do Luiz Pinguelli Rosa, professor emérito da UFRJ, doutor em Física e mestre em Engenharia Nuclear. Trecho: Um robô ganhou cidadania na Arábia Saudita em 2017. Apesar de estar longe de ter consciência, simula traços humanos. Há muitos anos, Moravec, chefe do Laboratório de Robótica da Universidade Carnegie Mellon, conjecturou que o gênero humano poderá vir a perder sua posição dominante, substituído pela vida pós-biológica.

A despeito do sabor fantástico dessa conjectura, ela baseia– se em um cenário tecnológico que extrapola a tendência atual de crescente presença dos computadores, desempenhando funções antes restritas aos seres humanos. Os computadores são criações da nossa mente, mas se puderem se reproduzir e se desenvolver autonomamente, poderão ganhar vantagem sobre nós na luta pela sobrevivência, livres dos limites biológicos na seleção natural. Seriam, então, os robôs, nossos descendentes! Embora isso não seja verdade, à luz do estado atual da arte, poderá vir a ser uma possibilidade do ponto de vista científico? Hoje a capacidade dos computadores supera a humana em tarefas muito específicas, como cálculos, manipulação de dados extenuantes e decisões complexas computáveis.

Inteligência artificial "bate" médicos na detecção de câncer de pele. Sistema teve melhor desempenho na identificação de lesões de melanoma. Opinião similar tem Gustavo Meirelles, gestor médico de Estratégia e Inovação do Grupo Fleury: - A inteligência artificial é uma ferramenta muito poderosa para auxiliar os médicos tanto no diagnóstico quanto nas decisões de tratamento e acompanhamento dos pacientes e, por isso, das inovações em saúde, é das que ganham cada vez mais espaço. Um deles é nesse reconhecimento de imagens a partir de bancos de dados, o que faz com que sirva para ajudar no diagnóstico precoce na dermatologia. Mas é um método para auxiliar, e não para substituir os médicos.

Entrevista: Jeff Dean – inteligência artificial poderá ter emoções. Jeff Dean, novo chefe da área de inteligência artificial do Google, esteve no Rio nesta semana para palestra na Reunião Magna da Academia Brasileira de Ciências e conversou com O GLOBO sobre as pesquisas no setor e os seus potenciais. Trecho: Desde que os computadores foram inventados as pessoas sonham em torná-los inteligentes. Assim, o campo da inteligência artificial tem uma história longa, que remonta aos anos 1940 e 1950. Naquele tempo, a abordagem era baseada em regras. Achava-se que se poderia construir uma inteligência programando regras para tudo. De fato, durante mais de 20 anos foi assim. Mas não deu certo, já que não dá para codificar tudo na forma de regras.

Imagine outra possibilidade: suponha que você pudesse fazer um backup do seu cérebro para um HD portátil e então rodá-lo em seu notebook. Seu notebook seria capaz de pensar e sentir como um sapiens? Se sim, ele seria você ou outra pessoa? E se os programas de computador pudessem criar uma mente totalmente nova, mas digital, composta de códigos de computador, completa, com um senso de eu, consciência e memória? Se você rodasse o programa em seu computador, este seria uma pessoa? Se você o deletasse, poderia ser acusado de assassinato?

Talvez logo tenhamos a resposta para essas perguntas. O Projeto Cérebro Humano, fundado em 2005, espera recriar um cérebro humano completo dentro de um computador, com circuitos eletrônicos no computador emulando redes neurais no cérebro. O diretor do projeto afirmou que, com o financiamento adequado, em uma ou duas décadas podemos ter um cérebro humano artificial dentro de um computador capaz de falar e se comportar de maneira muito similar a um humano. Se bem-sucedido, isso significaria que depois de 4 bilhões de anos circulando pelo pequeno mundo dos componentes orgânicos, a vida de repente irromperá na vastidão do reino inorgânico, pronta para assumir formas com que jamais ousamos sonhar. Nem todos os estudiosos concordam que a mente funciona de maneira análoga aos computadores digitais de hoje – e, se não funciona, os computadores atuais não seriam capazes de simulá-la. Porém, seria tolo descartar categoricamente a possibilidade sem tentar. Em 2013, o projeto recebeu uma concessão de 1 bilhão de euros da União Europeia.

Queridos seguidores. Este artigo somente foi possível com a leitura – sem ela, não há cultura. Com os recursos de agora – a nem sempre bem utilizada Internet – é fácil aprender. Imagine as dificuldades antes da tecnologia da que dispomos.

Fontes: Uma breve história da humanidade – SAPIENS – 21a edição – 2017 – Yuval Noah Harari – L&PM Editores

Jornal O Globo – 12 – 15- 17 e 30-05-18;

Jornal do Brasil – 15-05-18.