Queima do Alho de Ibiúna mistura música, dança e comida tropeira
Por Marinaldo Cruz Filho
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Quem se interessa pela cultura tropeira, aprecia música sertaneja raiz ou apenas não resiste à culinária cheia de “sustança” do campo tem um encontro marcado em Ibiúna, neste domingo (10), na 13ª Queima do Alho. O evento vai reunir todas essas tradições caipiras e muitas outras atrações para a família inteira, a partir das 10h, na Estância Cuca Fresca. A festa promovida pela Comitiva Us Capirira di Ibiúna em parceria com a Estação 60 Produções se tornou uma das mais frequentadas do gênero em todo o interior paulista, atraindo sempre um grande número de turistas.
O momento mais esperado do dia é o concurso culinário. Seguindo a tradição, os com correntes devem reproduzir fielmente as características da cozinha tropeira. Neste ano, a competição contará com a participação de 15 comitivas representando municípios da Região Metropolitana de Sorocaba. Nos cardápios não faltarão arroz carreteiro, feijão gordo, paçoca de carne e churrasco. E tudo temperado com muito alho, é claro.
De acordo com as regras do evento, toda a comida deve ser preparada em fogão improvisado e bem próximo do chão. Os utensílios e os ingredientes também precisam ser semelhantes àqueles utilizados séculos atrás pelos homens que percorriam as estradas da região conduzindo tropas de cavalos e mulas, para transportar tudo o que se consumia nas pequenas cidades e fazendas.
Diversão
Enquanto os cozinheiros dão duro na lida da cozinha, o público pode se divertir com os diversos shows musicais e apresentações de dança cauntry que se revezarão até a noite no palco da festa. O recinto ainda contará com parque de diversão e touro mecânico, entre outras atrações.
Tradição
A queima do alho faz parte da tradição em todo o interior brasileiro, já que integrava o dia a dia dos tropeiros. Na região de Sorocaba, o vaivém de tropas de muares e cavalos surgiu com a fundação das primeiras vilas, em meados do século XVII, e prosseguiu até o início dos anos 1.900. Responsáveis pelo transporte e comercialização de tudo o que se consumia, o tropeiros viajam em comitivas. Como as viagens demoravam semanas e até meses, a alimentação dos grupos era das maiores preocupações. Tinha de ser comida de preparo simples e rápido, mas, principalmente, forte para o peão poder aguentar o trabalho pesado.
Qualquer que fosse o cardápio, no entanto, um ingrediente que não podia faltar era o alho. Por conta disso, uma pergunta comum antes de cada partida era: “Quem vai queimar o alho”. Aquele que se apresentava à tarefa de providenciar o insubstituível tempero começava a prepará-lo antes mesmo de botar o pé na estrada. Debulhava uma grande quantidade de cabeças do vegetal, descasca os dentes e mergulhava tudo em banha de porco. Isso garantia que o condimento não se estragaria até o momento de ser utilizado.
Os mesmos pratos eram servidos nas três refeições diárias – inclusive na matinal – sempre acompanhado de café forte e adoçado com rapadura. Mesmo adquirindo alguns diferenciais de região para região, as opções não fugiam muito do arroz carreteiro, o feijão gordo, a paçoca de carne e o churrasco. Tudo feito em fogão de lenha improvisado.
Nos dias de hoje, os concursos culinários de queimas de alho possuem regras específicas, existindo até circuitos estaduais, com classificação e tudo. O vencedor é o cozinheiro que prepara a melhor refeição à moda dos tropeiros no menor espaço de tempo e da maneira mais simples possível.
SERVIÇO – A 13ª Queima do Alho de Ibiúna acontece neste domingo (10), a partir das 10h, na Estância Cuca Fresca (Rodovia Bunjiro Nakao – SP 250 –, quilômetro 62, em Ibiúna). O ingresso antecipado, à venda na Loja Tucano (Rua XV de Novembro, 170, no Centro), custa R$ 30,00. Mais informações podem ser obtidas pelos telefones (15) 9 9829-0310 e (11) 9 4798-9306.
O município de Ibiúna está localizado no leste da Reião Metropolitana de Sorocaba, a aproximadamente 60 quilômetros de Sorocaba, 90 quilômetros de Itu e as 130 quilômetros de Itapetininga.