BLOG COPA 2018

Croácia fará final inédita da Copa do Mundo contra a França


Ausente de qualquer relação de favoritos e com apenas cinco Mundiais disputados, a Croácia chega pela primeira vez a uma final.

Em campo no jogo que definiu a classificação inédita, teve "jogadores com metade da perna", segundo o técnico Zlatko Dalic, após a vótória.

A definição resume o grau de emoção da semifinal na qual o time balcânico derrotou a Inglaterra de virada, por 2 a 1, em Moscou.

Intrusos na festa quase sempre dominada por equipes já campeãs, os croatas enfrentarão os franceses na final, a ser jogada no palco da partida desta quarta (11), o Estádio Lujniki, às 12h de domingo.

A França chega com status de favorita e luta pelo bicampeonato mundial contra o time desta Copa que tem a história mais recente no torneio, tendo surgido dos escombros da antiga Iugoslávia em 1990.

Será o terceiro estreante em finais em duas décadas. Em 1998, a França foi campeã, em casa, e em 2010 foi a vez de a Espanha levar o título na África do Sul.

A Croácia supera sua campanha de 1998, quando estreou em Mundiais e só foi barrada na semifinal pelos mesmos franceses que irá enfrentar agora, 20 anos depois.

Croácia e Inglaterra caíram na chave mais fraca, com menos campeões mundiais, a partir das oitavas de final da Copa. Enquanto do lado croata ficaram pelo caminho Espanha, Rússia e Dinamarca, na chave francesa foram eliminados favoritos como o Brasil, Portugal, Argentina e a Bélgica.

Derrotada pela França na semifinal, a equipe belga pega a Inglaterra na disputa do terceiro lugar, às 11h de sábado (14), em São Petersburgo.

Os ingleses tinham um conjunto de jovens talentos, enquanto os croatas traziam a campo uma geração que provavelmente não jogará mais Copas, como Modric e Mandzukic, ambos com 32 anos.

Mas o fôlego inglês do goleador da Copa, Harry Kane, 24, e do meia Dele Alli, 22, só se fez presente no primeiro tempo, quando a Inglaterra abriu vantagem numa cobrança de falta do lateral direito Trippier.

Ao longo do jogo, uma questão política se colocou. Cada vez que o zagueiro Vida tocava a bola, a maioria russa no Lujniki vaiava o zagueiro.

Ele havia dedicado a vitória sobre o time da casa nas quartas à Ucrânia, rival de Moscou. Pediu desculpas, assim como a torcida croata agradeceu aos russos numa faixa, mas não deu certo.

No segundo tempo, o cansaço croata parecia mais evidente, mas o time se superou em raça. O jogo ficou mais pegado, com um cartão amarelo para cada lado, e nervoso.

Em mais uma bola parada, Perisic venceu Walker e escorou para o gol aos 23min. O jogo então virou, com uma "blitzkrieg" de energia renovada da Croácia, com diversas chances de virada.

A Inglaterra se desequilibrou e a partida foi para a prorrogação. Os croatas voltaram melhor, carregados por Perisic. Aos 2min do segundo tempo da prorrogação, ele garantiu o título de homem do jogo ao colocar Mandzukic na cara do gol e definir a virada e a festa croata.

Agora, Perisic irá enfrentar o país que o recebeu aos 17 anos. "Minha mãe sonhava com uma final entre Croácia e França", afirmou.

Sua ida para o país rival serviu para salvar um negócio familiar que não ia bem: a granja de seu pai na cidade croata de Omis. Mas sua saída do Hajduk Split, onde começou, não foi da forma mais amistosa.

Sem avisar o clube croata, Perisic tomou um jato privado enviado pelo Sochaux e foi para a França. Lá acertou com o clube francês. Junto com ele foram a sua mãe e irmã.

Após uma disputa, o Sochaux aceitou pagar 360 mil euros (R$ 1,62 milhões na cotação atual) para ter Perisic.

Quase uma década depois do ocorrido em 2006, uma explicação clara foi dada.

O pai de Perisic, Ante Perisic, forçou a barra para o filho ir embora. Estava em dificuldades financeiras e o dinheiro salvou o negócio familiar.

"Não sabia porque estava indo e só anos depois soube que foi por causa de problemas familiares", afirmou o jogador que abandonou a Croácia e 12 anos depois garantiu o maior feito do país no futebol.