Agenda econômica

O retorno à média


 

Por Yan Cattani, Economista do Blog Agenda Econômica

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Gradualmente o desastre inflacionário e da atividade econômica ocorrido no final de maio em virtude da crise dos caminhoneiros vem sendo minguado ao longo dos dias e já mostram resultados interessantes nos indicadores antecedentes da economia.

 

Para a inflação, diversos são os fatores que têm contribuído para este acontecimento, especialmente o efeito "base de comparação" das reversões dos preços dos bens e serviços administrados (gás, óleo diesel e gasolina). Além disso, há também a grande contribuição da reversão dos alimentos, que na escassez aumentaram abruptamente e agora retornam aos níveis anteriores, devolvendo a oscilação de preços ocorrida no episódio. Não obstante, existe ainda uma "mãozinha" do câmbio, que volta a patamares (mais) palatáveis.

 

Na primeira prévia de julho do nosso indicador oficial de inflação (IPCA), o chamado "IPCA-15" mostrou alta de 0,64% em relação ao mesmo período de junho, desacelerando em 15 dias 0,47 p.p. com relação ao resultado fechado de junho. Antes da crise, a média mensal de inflação estava em apenas 0,24%. Apesar de ainda faltar bastante para o retorno completo à média dos primeiros cinco meses do ano, é evidente que o pior do choque de oferta nos preços já passou e, melhor ainda, não resultou em um impacto permanente em sua série histórica.

 

Interessante ainda observar conjuntamente os dados de atividade econômica. Fazendo uma retrospectiva, em maio foram conhecidos os dados do IBGE, os quais mostraram queda de 10,9% da produção industrial, o setor de serviços teve sua receita real 3,8% menor no período (comparado com abril) e o varejo recuou apenas 0,6%, mantida a base de comparação.

 

Contudo, na próxima semana serão conhecidos os dados da primeira safra de atividade de junho, começando pelo indicador da indústria. Estimativas da consultoria econômica Pezco Economics mostram que o setor deverá observar um aumento de 11,4% em junho. Ou seja, não só aumentará, mas mais ainda: irá mais do que compensar as perdas ocorridas um mês antes.

Toda esta constatação deve-se ao retorno às médias dos indicadores antecedentes. Com resultados robustos em junho, alguns indicadores como o de fluxo em pedágios (o qual mede veículos que transportam mercadorias para comércio e indústria, por exemplo) aumentaram 47% em junho, assim como o de papel ondulado (conhecido como papelão, que mede as caixas de diversos produtos que consumimos por aí), o qual cresceu 41% no período.

 

Estes foram apenas exemplos, mas diferentemente do que se prenunciava por aí, a economia de fato não parou, mas parece mais ter dado uma pequena pausa nessa crise. Enfim, boas notícias!

 

 



Há luz no fim do tunel - Pixabay-PublicDomainPictures