SOROCABA E REGIÃO

Quase a metade da população de Sorocaba está concentrada nos bairros da zona norte



Giuliano Bonamim
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Quase metade da população de Sorocaba, hoje estimada em 629 mil, está concentrada na zona norte da cidade. São 289.592 habitantes que vivem na região compreendida pelo bairro Além-Linha, onde estão as vilas Barão, Nova Sorocaba, Parque São Bento, Vitória Régia, Laranjeiras e tantos outros. O número é quase três vezes maior em relação à região oeste, que abriga 18% dos moradores do município. Essas informações constam no projeto do Plano Diretor de Transporte Urbano e Mobilidade, desenvolvido pela empresa Análise Logit a pedido da Urbes - Trânsito e Transportes.

Mora tanta gente na zona norte que a região abriga mais pessoas do que muitas cidades da região. Prova disso é que a soma das populações de Itu (154 mil), Votorantim (108 mil habitantes) e Araçoiaba da Serra (27 mil) é praticamente a mesma da existente na área norte de Sorocaba.

A zona norte também é a região com a segunda maior densidade populacional de Sorocaba (habitantes por quilômetro quadrado). O relatório cita a existência de 4 mil a 6.999 habitantes por quilômetro quadrado naquela área. Na frente está a zona oeste, que abriga os bairros do Cerrado e tantos outros como Jardim Simus, Júlio de Mesquita Filho, Central Parque, Wanel Ville, Santa Bárbara e Jardim São Paulo.

A maior concentração de empregos também está localizada na zona norte, com 30% das ofertas oferecidas no município. Em contrapartida, a região apresenta o menor acúmulo de renda da cidade. O faturamento médio por domicílio é de R$ 2.500 contra os R$ 5.328 da área central da cidade.

Quem vive nessa região de Sorocaba cita os prós e contras de morar na zona norte. O auxiliar de contabilidade Márcio Mendes da Silva, 33 anos, é habitante desde que nasceu no Parque das Laranjeiras. "Antes não tinha quase nada por aqui. A maior parte das ruas era de terra e não passava ônibus no bairro", conta. Silva cita que, atualmente, praticamente tudo pode ser feito na zona norte. "Compras, lazer, pagar contas. Não é preciso mais ir até o Centro para fazer tudo isso", relata.

A avenida Itavuvu, por exemplo, disponibiliza serviços diversificados à população. Lá são encontradas agências bancárias, dois shopping centers, supermercados, uma Unidade Pré-Hospitalar Zona Norte, farmácias, padarias e locais especializados em serviços automotivos.

Naquela região também foi instalada a fábrica da Toyota e as suas sistemistas, em outubro de 2012. O Parque Tecnológico está fincado ao redor de uma área verde e em construção está uma unidade do Senai, ao lado do Conjunto Habitacional Ana Paula Eleutério, voltada à formação e capacitação profissional.

A estudante e analista de crédito Pâmela Cristina Gomes de Araújo, 16, mora no Jardim Guaíba e deixa a região norte somente para trabalhar no Centro. "Faço caminhada no parque do Abaetezinho e exercício físico em uma academia no Shopping Cidade", diz.

Pâmela diz gostar de morar na região, mas lamenta alguns problemas pontuais do bairro. "Falta um pouco de segurança", ressalta.

Segundo o presidente da Associação Comercial de Sorocaba, Nilton da Silva Cesar, a zona norte concentra praticamente todos os serviços à população. "Com certeza já está quase independente das demais regiões, com tudo o que as pessoas necessitam", diz.

Cesar argumenta que um comércio forte distribuído por toda a cidade só facilita a vida do morador. "Pois hoje em dia está mais difícil se locomover até o Centro, já que as distâncias ficaram maiores graças ao trânsito e ao tempo perdido nos congestionamentos", relata.

A dona de casa Maria Aparecida Vieira , 50 anos, mora há dez anos no Jardim Santa Cecília. Antes, habitava a região do Barcelona, situada do outro lado da cidade. "Perto de casa tem muito lixo na rua, falta de água e violência, mas o bom é que tudo é perto", conta.

Ontem, Maria Aparecida precisou pagar uma conta na Casa do Cidadão situada na avenida Itavuvu. Levou dez minutos a pé para fazer as suas obrigações e, na sequência, pegou um ônibus na área de transferência em direção ao Centro.

Quem também gosta de onde mora é o aposentado Álvaro Antunes Vieira, 76, que vive há três décadas na Vila Barão. "Aqui é bom. Tem muito comércio perto, principalmente supermercado", diz. "Mas para pagar conta vou ao Centro", completa.

No mesmo bairro mora o aposentado Luís Otávio da Silva, 63, que reclama da superlotação dos ônibus. Ontem, ele permaneceu mais de 30 minutos em um ponto situado na rua Gonçalves Júnior — próximo ao cruzamento com a avenida General Osório. Dois veículos passaram lotados, das linhas 3 (Nova Esperança) e 55 (Rodrigo), e nem pararam para a entrada de mais usuários. "É todo dia assim e ninguém faz nada para melhorar", desabafa.