CULTURA

A lenda da Loira do Banheiro é tema de longa



Maíra Fernandes
maira.fernandes @jcruzeiro.com.br


Uma das mais conhecidas lendas urbanas, a Loira do Banheiro ganhou roteiro e foi adaptada para um longa-metragem, rodado na região de Campinas. Considerado o primeiro no formato a resgatar a lenda, que não é exclusiva do Brasil e tem versões em países como Estados Unidos e até Vietnã, o filme Catarina: A lenda da Loira do Banheiro, do roteirista e diretor Marcos Otero, será apresentado amanhã em Sorocaba, dentro do projeto Cena de Cinema. O evento acontece a partir das 20h, na Biblioteca Municipal Jorge Guilherme Senger, com entrada gratuita. Após a exibição, o público poderá conversar com o diretor, que estará presente. "Não encontrei nenhum longa sobre a história", afirma o diretor.

Lançado em 2013, o filme teve uma aceitação do público que ainda deixa assustado Marcos que, depois de mais de 40 produções em documentários, se arriscou a mirar em um público mais jovem. A ideia de filmar a lenda já é acalentada por ele desde 2007. "É um longa de ficção e que levou mais de três anos de pesquisa. Começamos a escrever o roteiro no segundo semestre de 2011, rodamos em 2012, em Indaiatuba e em Campinas, e finalizamos em 2013." De acordo com o diretor, ele não escolheu a lenda, mas foi escolhido pela "Loira", já que não consegue pontuar em que momento específico resolveu que esse seria o tema. "Esse é o meu primeiro longa, e partiu da ideia de fazer suspense. A primeira coisa que pensei é que teria que trabalhar com uma lenda, e essa foi a primeira que me veio à cabeça."

A longa pesquisa, detalha o diretor, tem a ver com o fato de se tratar de uma lenda "mundial". "Pesquisamos muito e a primeira coisa que queria saber era se já havia um filme sobre isso e, não tem. Há referência dessa lenda no mundo todo, até no Vietnã. Encontrei muitas coisas, fatos, mas filtramos para trabalhar algo sério", relata Marcos, que adianta ainda que o filme faz parte de uma trilogia e, em breve, o segundo já estará disponível. "O pessoal, na maioria dos casos, conhece aquela história da menina que cabulava aula, se escondeu no banheiro, entrou em coma e tudo mais. Fizemos diferente, para não contar a historinha como o pessoal conhece. Então, ela não aparece monstruosa, o filme não é trash, não tem sangue e algodão no nariz. Não desmistificamos a história, mas deixamos ela mais humana", defende o diretor, que conseguiu realizar o filme com orçamento de R$ 6 mil, arrecadados de patrocinadores da sua região, e também distribui a obra de maneira independente.

Contando história

Neste primeiro filme, o público vai conhecer a personagem Alice, interpretada por Huli Balász, que aos 12 anos sofre um trauma psicológico e, anos depois, suspeita de que esse acontecimento tenha sido causado pela aparição da Loira do Banheiro. Decidida a ir atrás dos fatos, resolve fazer um documentário com a ajuda dos seus amigos Ramon, vivido por Márcio Guimarães e Gustavo, Vinícius Finocchio. Nessa busca, eles acabam descobrindo pistas e fatos históricos surpreendentes da verdadeira história desse espírito.

De acordo com o diretor, cada episódio do filme deve questionar ou responder uma pergunta. "O primeiro longa é uma colcha de retalhos. São várias citações de histórias relatadas ao longo desses anos. Dessa forma, deixamos muitos ganchos que serão respondidos nas outras continuidades do filme. Essa primeira parte do filme aponta evidências que o público no final decide se acredita ou não."

Nos demais filmes da trilogia, o público finalmente deverá saber quem é a loira do banheiro e o que ela quer.

Para o diretor, o cinema-fantástico no Brasil é um gênero ainda muito recente e alguns cineastas estão agora começando a apostar. "Fazemos aqui muita comédia e de alguns anos pra cá houve uma crescente nos gêneros de ação, porém, há um mercado muito intenso de lendas, fatos que podem ser amplamente explorados e usados com criatividade para atrairmos ainda mais o público para o nosso cinema", acredita.

Serviço

A exibição do filme acontece amanhã, às 20h, na Biblioteca Municipal Jorge Guilherme Senger, que fica na rua Ministro Coqueijo Costa, 180, Alto da Boa Vista, ao lado da Prefeitura. Informações pelo telefone (15) 3228-1955. Os ingressos podem ser retirados com 1h de antecedência.