Guilherme Leicam se dedica à intensa preparação para viver vilão em "Alto astral"
Luana Borges - TV Press
A maturidade com que Guilherme Leicam encara a profissão de ator chama atenção. Aos 24 anos, o intérprete do Gustavo de Alto astral tem plena consciência da dedicação que precisa ter para se manter trabalhando na televisão. E passa longe de qualquer deslumbramento com a fama, comum a jovens intérpretes que ganham destaque em alguma produção. Afinal, desde que estreou, em Tempos modernos, de 2010, ele entendeu que se trata de uma carreira com muitos altos e baixos. Por isso mesmo, começar com personagens pequenos e ir ganhando mais espaço aos poucos foi fundamental para que o ator entendesse as engrenagens de seu trabalho. "Comecei com um papel menor, entendi o público, fiquei um tempo fora do ar. Eu sei o que é estar no ar e depois não estar mais. Fica um vazio em que as pessoas não reconhecem mais você", avalia. Foi quando protagonizou a temporada 2013 de Malhação e, em seguida, viveu o perturbado Laerte na segunda fase de Em família que as portas se abriram mais. "Fui trabalhando com vários diretores que me deram base para eu me aprofundar e sempre ter chão para pisar. É nessa fase de bastante trabalho que tenho de me preparar para o futuro. Depois dos 30 é que virão grandes personagens", imagina.
É com esse mesmo foco que Guilherme encara seu atual papel. Na trama de Daniel Ortiz, Gustavo é um nadador e uma espécie de aprendiz de vilão. Interesseiro e mal-educado, ele é capaz de xingar e maltratar as pessoas apenas como uma válvula de escape de suas frustrações, assim como ter atitudes condenáveis para conseguir o que quer. "Em cada núcleo, ele é um personagem diferente. Com a família, é malcriado; com Marcos, é completamente servil; e, no clube, é o melhor competidor e levanta a cabeça para quem passa. Aí que está o legal: são vários em um só", comemora. Para entender o papel, o ator, antes de qualquer coisa, tentou se livrar de qualquer tipo de julgamento. Em seguida, estudou a personalidade de Gustavo com a ajuda do coach André Monteiro três meses antes do início das gravações. "O trabalho que fazemos juntos é o de entender a mente do personagem. Entendendo como ele reagiria a uma situação, pode vir a cena que for que estarei preparado", confia ele, que também se aprofunda em conceitos de Filosofia com o coach. "Faz uns quatro anos que trabalho com André. Ele fala de Filosofia a partir de exemplos do cotidiano", completa.
Os encontros com o elenco também foram fundamentais para o processo criativo de Guilherme. Além dos workshops promovidos pela Globo, o ator se reuniu por conta própria com os colegas com quem mais contracena, como Sophia Abrahão, Giovanna Lancellotti e Sérgio Malheiros. "A gente fez uma social para se conhecer porque o resto é só na cena. E gravação é uma correria. Você chega e nem pode ficar conversando porque tem de gravar e se concentrar", conta. Além disso, como Gustavo é nadador, Guilherme faz aulas de natação com a professora que acompanha as gravações. As cenas que exigem movimentos mais complexos são feitas por um dublê. Mas o ator busca melhorar sua performance na piscina a cada treino. "Estou praticando o nado borboleta, mas ainda não estou muito bem. No crawl, sou melhor", revela.
Como boa parte da motivação do personagem gira em torno do universo da natação, o visual de Guilherme precisou acompanhar esse raciocínio. A primeira mudança foi nos cabelos. A princípio, o diretor Jorge Fernando pediu que o ator apenas baixasse um pouco o corte. Mas o próprio Guilherme sugeriu raspar as laterais da cabeça. E foi além: resolveu raspar os pelos do corpo também. "Para um nadador, isso significa milímetros de vantagem em uma competição", explica.
Alto astral, Globo, segunda a sábado, às 19h30