ECONOMIA

Grupo Dolly é suspeito de sonegar R$ 2 bi em impostos


 
O grupo fabricante do refrigerante Dolly, com sede na região de Sorocaba, está sendo investigado por suspeita de sonegação de R$ 2 bilhões em impostos. A empresa foi alvo da operação Clone, realizada pela Secretaria da Fazenda do Estado. Diante das irregularidades apuradas, as duas fábricas da empresa instaladas em Tatuí e Diadema, estão impedidas de vender mercadorias até que as investigações sejam concluídas. Por meio de nota, o grupo Dolly informou que "não praticou, tampouco compactua com qualquer tipo de sonegação fiscal".

De acordo com a Secretaria, responsável pela apuração, o motivo do impedimento das vendas é que durante as investigações de fraude as fábricas terão as inscrições estaduais bloqueadas, não sendo possível tirar notas fiscais. Ainda segundo o órgão, as indústrias em Tatuí e Diadema podem apenas fabricar mercadorias com matérias primas já existentes. Isso porque além de não poder vender, as sedes não podem comprar mercadorias, isto é, estão impedidas de fazer qualquer transação comercial.

Suspeito de fraude no recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) o Grupo Dolly tem um débito de R$ 2 bilhões já inscritos na dívida ativa e autos de infração milionários. Na última quinta-feira, a empresa foi alvo da Operação Clone, executada em parceria com a Receita Federal. Os inspetores foram às fábricas e escritórios do grupo, na busca por indícios de que várias empresas foram abertas para tentar dificultar o rastreamento da produção e a cobrança de impostos.

A operação

Nas unidades industriais em Tatuí e Diadema, os agentes fazendários apreenderam documentos fiscais, equipamentos e arquivos digitais. Em Diadema, três inscrições estaduais foram suspensas. Um fato curioso apontado pela pasta é que última quarta-feira houve tentativa de abertura de outra empresa no mesmo endereço da fábrica cuja inscrição estadual foi cassada pela Fazenda em dezembro de 2016. "Porém, o Fisco agiu rápido e suspendeu imediatamente a inscrição na manhã de quinta", informou.

Também foram alvo de investigações os dois escritórios do grupo situados na Lapa, na capital paulista, porém os dois imóveis estavam fechados e sem funcionários. A Fazenda informou que já bloqueou as inscrições destas empresas, impedindo a emissão de notas fiscais, pois não foram constatados indícios de atividade operacional nos locais diligenciados.

Ainda na fábrica de Tatuí, os fiscais localizaram diversas notas fiscais de produtos cuja operação de saída estaria vinculada aos escritórios da capital paulista. Não foram identificados, segundo a secretaria, documentos fiscais emitidos pela fábrica de Tatuí. Na ação também foram apreendidos computadores e arquivos digitais, sendo instaurado o devido procedimento administrativo para apuração dos fatos constatados.

De posse do material coletado e após análise detalhada, além de ampla defesa, a Secretaria da Fazenda deve dar seguimento à decisão definitiva em relação à cassação de todas as empresas envolvidas. A operação contou com o apoio das Delegacias Regionais Tributárias da Capital II (DRTC-II), de Sorocaba (DRT-4) e do ABCD (DRT-12), do Grupo de Atuação Especial para Recuperação Fiscal da Procuradoria Geral do Estado e o reforço de militares do 24º Batalhão da Polícia Militar em Diadema.

Defesa

Na página oficial do grupo Dolly no Facebook, a empresa publicou uma nota de esclarecimento, afirmando que não compactua com qualquer tipo de sonegação fiscal. "Todas as informações fornecidas, tanto pela Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, quanto pela Procuradoria Geral do Estado, referente a valores de tributos devidos e não recolhidos ao Fisco, se dá pela falta de informação referente a obrigações acessórias na base da Fazenda", informou. O grupo se defende dizendo que "foi vítima de seu escritório contábil, que durante anos, omitiu do Fisco dados importantes, provocando um desfalque milionário com falsificação de sentenças, fraude de guias e documentos".

Um dos sócios do escritório contábil, afirma o grupo, já prestou depoimento a favor da Dolly ao Ministério Público e Polícia Federal em processo de negociação através do instrumento de delação, no qual teria assumido o desvio do dinheiro que seria destinado ao pagamento dos impostos. "A Dolly quer esclarecer o mais rápido todos esses fatos, contribuir com as investigações e provar sua inocência", finaliza a nota.