ECONOMIA

Alta da gasolina é três vezes maior que a inflação


O preço da gasolina e do diesel comercializados nas refinarias sofrerão novos reajustes, anunciou ontem a Petrobras. De acordo com a estatal, ontem a gasolina subiu 1,7% e o diesel 1,1%. A partir de hoje, haverá aumento de 1,9% para a gasolina e 0,4% para o diesel. Com estes aumentos, a Petrobras terá reajustado o valor do combustível 124 vezes ao longo de 2017. O ritmo de variações acelerou a partir de julho, quando a estatal passou a adotar novo modelo de reajuste, mais frequente. Desde então, foram 117 reajustes.
 
Em um ano, nos postos de combustíveis, o sorocabano enfrentou um aumento de 9,11% no preço da gasolina, em média, e de 2,64% no do etanol. A inflação -- medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) -- acumulada dos últimos 12 meses, até novembro, chegou a 2,80%. Com isso, o aumento da gasolina nos postos da cidade triplicou em relação à inflação oficial no período.
 
Conforme pesquisa de preço da Agência Nacional do Petróleo (ANP), em dezembro de 2016 o valor médio do litro da gasolina em Sorocaba era R$ 3,51, enquanto na última medição -- de 23 de dezembro de 2017 -- estava em R$ 3,83. Já o etanol custava R$ 2,65 nas bombas, em média, no último mês de 2016 e R$ 2,72 este mês.
 
Desde julho, a Petrobras adota o modelo de reajustes frequentes dos preços da gasolina e do diesel, que podem ser até diários. Nesse período, a gasolina acumula alta de 32,01% nas refinarias e o diesel, valorização de 25,92%.
 
De acordo com o presidente regional do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sincopetro), Jorge Marques, a sondagem da ANP aponta preço médio, mas a maior parte dos postos já trabalha com a gasolina na casa dos R$ 4. Marques classifica a nova estratégia de reajustes como "extremamente prejudicial" para o setor. Ele lembra ainda que em julho o governo aumentou a alíquota do PIS/Cofins de R$ 0,3816 para R$ 0,7925 para o litro da gasolina. "Foi um ano péssimo", diz.
 
"Está ficando impossível. As vendas dos postos caíram. Dificilmente uma pessoa enche o tanque, então é mais um indicativo da perda de compra do consumidor", segundo Marques. Ele destaca que, como ganham pelo volume de vendas, muitos optam por não repassar totalmente os aumentos aos consumidores. Com os reajustes frequentes os postos têm dificuldade para manter um capital de giro e vender em crédito -- uma vez que nessa modalidade recebem 30 dias após a compra, diz o presidente regional do Sincopetro.
 
Marques questiona a justificativa da Petrobras, de adequação ao valores internacionais, pois o barril do petróleo não teria sido reajustado na mesma proporção. "A quem interessa isso? Essa política? Exclusivamente para essa empresa e para seus acionistas", reclama. "Quem está pagando toda essa nova política [de preços] é o consumidor."
 
Segundo a Petrobras, as revisões de preço "podem ou não se refletir no preço final ao consumidor, uma vez que a decisão de repassar o reajuste cabe às distribuidoras e aos proprietários dos postos de combustível". Diz ainda que "outros agentes atuam na comercialização de derivados para as distribuidoras no Brasil, praticando assim sua própria política de preços".