Risco de acidentes coloca portões basculantes na mira das cidades
Quem planeja construir ou reformar tem um aspecto a mais a considerar antes de escolher o portão ideal para o imóvel. O motivo não é tão relativo ao visual externo da construção, mas sim à segurança para pedestres e veículos. Isso porque os portões basculantes (que levantam com abertura para cima e para o lado de fora, invadindo a calçada), bastante comuns nas residências, estão na mira das autoridades municipais.
Apesar de serem os favoritos para quem não possui espaço extra na garagem, esses portões estão sendo proibidos em algumas cidades -- a capital do Estado, por exemplo. O objetivo é preservar os pedestres e os veículos de possíveis acidentes. Para o presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Sorocaba, o engenheiro José Carlos Carneiro, o risco existe. Ele mesmo disse que quase foi vítima de um acidente na calçada por conta de um portão basculante que se abria.
"Quase bati com a testa no portão no momento que ele subia e, por conta disso, invadiu o espaço da calçada. Só não bati a testa no portão porque uma pessoa que também caminhava pela calçada me avisou, pois eu estava distraído", conta.
Em São Paulo, a abertura e o fechamento, incluindo o travamento, não podem mais ultrapassar o alinhamento do imóvel e invadir a área da calçada. A regra vale para casas, condomínios residenciais e estabelecimentos comerciais. Pela nova legislação, os proprietários e responsáveis devem instalar um sensor eletrônico capaz de detectar a passagem de pessoas e automóveis.
Além disso, a lei passou a exigir o uso de sinalização sonora e luminosa em portões e cancelas automáticas, acionados 15 segundos antes da movimentação do portão -- que terá de abrir ou fechar sempre para o lado de dentro.
A Prefeitura de Sorocaba informou ao Cruzeiro do Sul que deve concluir no mês que vem um projeto de acessibilidade que contemplará a questão da invasão das calçadas pelos portões basculantes. A proposta está em estudo pela Secretaria de Planejamento e Projetos. "Após a aprovação do prefeito José Crespo, haverá a apresentação à sociedade", informou o órgão municipal em nota.
Em Votuporanga (SP), a lei já existe desde 2011 e, no ano passado, um decreto municipal reforçou a fiscalização e fechou o cerco aos proprietários e donos de imóveis que ainda não tinham feitos as adaptações necessárias nos portões basculantes. Já na cidade de Fernandópolis (SP), uma proposta semelhante foi apresentada à Câmara Municipal, mas a proposta foi rejeitada pelos vereadores.
Carneiro afirma que já existem no mercado algumas modelos de portões basculantes com a abertura para dentro. "Quem já tem o portão basculante tradicional consegue alterar o sistema de abertura, ou então, recolher esta abertura para dentro em 0,60cm", afirma o engenheiro. Ele também aconselha que nas construções novas, sejam casas ou condomínios verticais, que os proprietários pensem no assunto antes da escolha e definição do modelo de portão.
"Acredito que a lei aprovada em São Paulo trará repercussão em outras cidades e em Sorocaba também. Principalmente no Centro, onde o fluxo de pessoas nas calçadas é grande, o ideal seria que os portões basculantes abrissem para dentro ou, então, haja o recuo de 60 centímetros quando o terreno permitir. Se isso não for possível, é o caso de escolher outro tipo de portão", orienta.
Outros modelos
O técnico Arivelto de Moura, da Portões Automáticos Sorocaba (PAS), que trabalha com portões há 20 anos, dá algumas dicas para quem pretende investir em um portão basculante, mas com abertura para dentro. Segundo ele, uma das opções é o modelo invertido, que não invade a calçada e abre para cima, mas pelo lado de dentro. Outra alternativa é fazer o já citado recuo, ou seja, afastar o portão cerca de 60 centímetros. Mas, nos dois casos, é preciso haver espaço interno na garagem.
As demais opções envolvem outros tipos de portões -- como os deslizantes, que são os "de correr" lateralmente (se houver espaço para isso). Estes podem ter uma ou mais folhas e são ideais pela praticidade. Mas necessitam de um espaço maior para a sua instalação.
Há, ainda, os pivotantes, que são os portões "de abrir" (geralmente para as laterais), em uma ou duas folhas, que são comuns em sítios, chácaras e propriedades mais rústicas. Embora não ocupe muito espaço físico, este tipo de portão geralmente invade a calçada e pode ocasionar alguns problemas com pedestres e vizinhos durante a abertura. Deste modo, seu uso é ideal para locais com pouca circulação.
Adaptação
O técnico lembra que o basculante tem como principal vantagem não precisar de espaço lateral para abertura, já que abre verticalmente. "Porém, a desvantagem agora é essa questão da proibição da abertura para o lado de fora, invadindo a calçada. Atualmente, seria melhor já pensar no modelo basculante que abre para o lado de dentro ou fazer o recuo", recomenda.
Arivelto diz que um portão basculante com abertura para dentro precisa que seu braço de articulação, obrigatoriamente, fique pelo lado contrário, na maioria das vezes pelo lado da rua. Além disso, o mesmo deve receber um reforço na estrutura e nas guias laterais e um suporte de automatização um pouco maior.
"Um portão basculante, com abertura para dentro, na maioria das vezes, é utilizado em condomínios com alto fluxo de veículos e querem evitar qualquer tipo de problema com pedestres na calçada. O fato de o portão basculante abrir para dentro ou de forma invertida não obriga o automatizador a ficar pelo lado de fora, porém, exige um fuso acionador um pouco maior, o que faz o portão demorar um pouco a mais para abrir, cerca de um a dois segundos", detalha.
Se a opção for mesmo manter os portões basculantes que abrem para fora e invadem a calçada, é recomendado o uso de sinalização sonora e luminosa. Arivelto afirma que existem várias opções no mercado. O custo não é alto e serve como uma paliativo, principalmente em ruas mais movimentadas, com grande circulação de pessoas, e em condomínios verticais, onde a saída e entrada de veículos é maior.
Beleza em pouco espaço
Outra opção bastante moderna, segura e prática e que pode ser colocada tanto em ambientes residenciais e comerciais, é a porta "de enrolar" automática (semelhante à dos pontos comerciais), mas que funciona como um portão. As portas de enrolar podem ser produzidas em alumínio, aço e aço inox e ao invés de usar o sistema com molas, utiliza o motor e um eixo para a porta enrolar. Geralmente são produtos duradouros e com design inovador, permitindo enriquecer a fachada do imóvel.
É preciso atenção, contudo, com relação à velocidade de abertura da porta de enrolar, que geralmente é de sete metros por minuto -- por meio de automatizadores que permitem o bom funcionamento e o alto desempenho. Além disso, as portas de enrolar possuem alta resistência, havendo modelos de mecanismos de 200kg a 500kg ou de 200kg a 1.500kg.
Uma vantagem adicional é a elegância e o aspecto visual, atribuindo um atrativo diferencial tanto para o proprietário do imóvel, quanto para visitantes -- e consumidores, visto que as portas de enrolar são bastante usadas em lojas em shoppings. Este tipo de portão é a melhor opção para quem tem pouco espaço na garagem e quer escapar do portão basculante, por exemplo.
Podem ser aplicadas em estabelecimentos de tamanhos pequenos, pois utiliza o sistema de enrolamento que ocupa menor espaço em sua estrutura, mas também pode ser empregada em lugares maiores, de até 12 metros de altura e 15 metros de comprimento em uma única chapa de aço ou alumínio, sem a imposição de coluna no meio.
Mais difíceis de encontrar (são poucos fabricantes), os portões seccionais são uma variação dos de enrolar, pois também possuem um sistema que economiza espaço, abrindo para cima. Esse mecanismo pode ser aplicado debaixo do teto, em paralelo ao telhado, ou verticalmente junto à parede, garantindo a passagem sem qualquer problema.
Este tipo de portão pode ter de folha de alumínio ou aço, com diversos tipos de acabamento. Também pode ser usado em prédios comerciais e industriais. Diferentemente de outros modelos, esta porta tem melhor resolução técnica e apresenta menos problemas, pois, como não enrola, se recolhe no teto da mesma forma que fica quando está fechada. Tem um curso suave e seu grande segredo é trabalhar com molas de tensão.