CULTURA

Baterista Edu Ribeiro apresenta o álbum 'Na calada do dia' no Sesc


Vencedor de dois gramofones dourados do Grammy com o Trio Corrente, o baterista Edu Ribeiro apresentará músicas de seu segundo álbum solo, intitulado "Na calada do dia", nesta quinta-feira, às 20h, no teatro do Sesc. Os ingressos, disponíveis até o fechamento desta edição, custam 17 (inteira) e podem ser adquiridos na central de atendimento da unidade (rua Barão de Piratininga, 555).

Com duas substituições em relação ao registrado no disco, Edu Ribeiro estará acompanhado de Fernando Correa (violão e guitarra), Guilherme Ribeiro (acordeon), Daniel D"alcântara (trompete e flugelhorn) e Bruno Migotto (baixo acústico). O quinteto liderado pelo baterista tocará músicas instrumentais que fazem parte do seu disco mais recente, lançado em 2017 e disponível nas principais plataformas de streaming, que tem como característica marcante a mistura do jazz com vários ritmos regionais brasileiros, como maracatu, baião, ijexá, frevo, xula e o chamamé.

Além de músicas autorais, "Na calada do dia" traz temas escritos pelo guitarrista Chico Pinheiro e a flautista Léa Freire, destacados pelo baterista como os principais incentivadores de sua jornada como compositor. No show de Sorocaba, o quinteto também revisitará algumas músicas do disco de estreia de Edu Ribeiro, intitulado "Já tô te esperando", lançado em 2006, que trazia participações dos mestres Arismar do Espírito Santo e Toninho Ferragutti.

"Na calada do dia", aliás, possui sonoridade semelhante ao disco "Já tô te esperando", cuja a instrumentação mantém como peculiaridade a dobra de melodias, divididas pelo trompete e o acordeon. "Gostei da sonoridade que essa formação traz. Tem um regionalismo característico, do violão com a sanfona, e, ao mesmo tempo, um diálogo da bateria com o trompete que é muito comum no jazz", comenta o músico.

Reconhecido internacionalmente como um dos bateristas mais talentosos de sua geração, Edu Ribeiro afirma que, após um hiato de 11 anos em virtude de trabalhos paralelos, com o grupo Vento e Madeira e o Trio Corrente (premiado com o Grammy Awards e o Grammy Latino pelo CD "Song for Maura"), retoma seu projeto solo e expõe a condição de compositor. "Sempre tive admiração por compositores e sempre gostei de me envolver com pessoas que fazem suas próprias músicas. No começo eu tinha uma desconfiança de mim mesmo, mas o Chico Pinheiro e a Léa Freire sempre me incentivaram e me deram coragem", revela.

Além da bateria, instrumento no qual é capaz de criar complexas variações polirritimas, Edu Ribeiro passou então a estudar piano e o violão, que o ajudaram a pavimentar os caminhos harmônicos para as melodias cantáveis que recorrentemente vêm à cabeça. "Não vai ser nessa encarnação que eu vou conseguir tocar direito [piano e violão] mas eles me ajudam a ter referência para compor. Eu aprendi a não desperdiçar nenhuma ideia. Toda vez que aparece uma melodia na cabeça eu corro gravar e, às vezes, depois de dois anos, eu volto à ela e termino", detalha.

Apesar de liderar o quinteto formado por renomados músicos da cena instrumental brasileira, Edu faz questão de reforçar que o seu instrumento, a bateria, é mera coadjuvante a serviço de uma única protagonista: a música. Ou, em uma metáfora futebolística, em tempos de Copa do Mundo, é o capitão e meio-campista que dita a cadência do time e distribui as bolas para que os artilheiros, ou melhor, os improvisadores, brilhem nos seus momentos de individualidade. "Confesso que nunca entendi quando via na minha infância solos de bateria e os outros músicos saiam do palco. Aquilo ficava uma coisa totalmente desconectada com a música", afirma.

Ouvindo a obra de dois heróis do seu instrumento, Tuti Moreno e Nenê -- este último homenageado em uma música homônima do novo disco --, Ribeiro diz ter aprendido uma lição fundamental que mudou sua forma de ver o instrumento: "Botar sempre a bateria no contexto musical. Nem mais, nem menos", resume.

O contexto musical, por sua vez, se faz presente em todos os momentos da vida do instrumentista que iniciou a carreira profissional aos 11 anos tocando em bandas de baile de Florianópolis, sua cidade natal. Desde 1996, quando se mudou para São Paulo, já acompanhou nomes de peso como Yamandú Costa, Johnny Alf, Rosa Passos, Ivan Lins, Dominguinhos, Maria Schneider, entre outros.