INFORMÁTICA

Técnico de Sorocaba leva informática à Guiné-Bissau

Cida Vida
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A informática é uma área nova na Guiné-Bissau, república africana que está iniciando o processo de agregar tecnologia aos serviços, principalmente, porque o país não tem indústrias e a base da economia está no cultivo de castanha de caju, amendoim (chamado mancarra), madeira, coco, óleo de palmeira e borracha. E com o objetivo de treinar profissionais africanos, tanto para a manutenção de máquinas quanto para a instalação de redes wireless e internet (que está começando agora naquele país), que o técnico de ensino Jackson Klarosk, da Escola Senai ""Gaspar Ricardo Júnior"", de Sorocaba, esteve na capital Guiné, no período de 3 de fevereiro a 14 de abril.

Designado pela Diretoria de Relações Exteriores do Senai-São Paulo, ele foi o responsável pela transferência tecnológica na área de informática (hardware) aos participantes dos treinamentos ministrados no Centro de Formação Profissional Brasil-Guiné-Bissau (CFPBGB). Foi implantada no centro uma rede física e lógica de dados, com a finalidade de compartilhar a conexão de internet, a ser usada como uma ferramenta para troca de informações e atualização técnica. Os formadores tiveram também a oportunidade de discutir estratégias didáticas e conhecer a ""Pedagogia da Autonomia"", discorrida por Paulo Freire em uma de suas publicações.

A proposta educacional, conforme solicitação do governo de Guiné-Bissau, é formar profissionais em nove áreas: informática, construção e alvenaria, eletricidade, panificação, costura, serralharia, marcenaria de moldes, canalização e mecânica. O Centro é mantido por uma parceria entre o Brasil e a Guiné-Bissau e coube ao Senai a instalação, em 2005, com a finalidade de capacitar os cidadãos guineenses, para auxiliar na reconstrução do País e promover o desenvolvimento social e técnico de seu povo. O governo brasileiro cria toda a infraestrutura e depois que o projeto está em andamento entrega para a responsabilidade do governo de Guiné-Bissau.

Repassar conhecimentos

Informa Klarosk que o governo brasileiro identificou o Senai com potencial para fazer essa consultoria pela participação da escola em eventos internacionais, de competição tecnológica e de mão de obra técnica. O intercâmbio teve como proposta repassar conhecimentos de informática para uso na área de serviços. Para isso, foi montado o centro de formação, de acordo com o modelo existente no Brasil.

Klarosk já participou como coordenador de algumas áreas, como informática e tecnologia da informação em eventos internacionais. Por isso, foi indicado. Antes de ir à Guiné-Bissau, esteve por um mês em Angola, em 2009, também executando trabalhos de transferência tecnológica para um centro de formação desse país. ""O objetivo era capacitar um grupo de pessoas para que se tornem multiplicadoras de conhecimentos de informática e fazer a instalação e configuração da rede física de internet"", afirma.

Modelo internacional

A forma de cooperação do Brasil com a Guiné-Bissau é considerada um modelo internacional, destaca o técnico. Os europeus chegam nesses países em desenvolvimento e fazem uma cooperação chamada norte-sul, isto é, entregam dinheiro para o país e vão embora; o Brasil faz uma cooperação chamada sul-sul, que significa o investimento em recursos e informações, a manutenção do projeto, gerenciamento da parte financeira e de recursos humanos e capacitação. Depois que o sistema está funcionando por si mesmo, é que entrega para o controle do país africano, detalha Klarosk. ""Estamos exportando tecnologia e capacitação técnica"".

Mesmo o pessoal que trabalha na área técnica na Guiné-Bissau conhece mais os sistemas de informática de uso diário. Uma palestra sobre software livre foi apresentada pelo técnico de Sorocaba para que os africanos utilizem a informática de forma correta, combatendo a pirataria. ""Para eles ter acesso a softwares comerciais é muito difícil, porque o custo é muito alto, então, com o software livre eles têm a facilidade de poder utilizar de forma gratuita, sem estar ilegal"", completa o técnico.

O país africano

A república de Guiné-Bissau fica na costa ocidental da África na fronteira com o Senegal, fazendo divisa também com a Guiné-Conacri (ex-francesa) e a sul e oeste com o oceano Atlântico. Foi uma colônia de Portugal desde o século XV até proclamar a sua independência, em 24 de setembro de 1973, com reconhecimento internacional. Atualmente integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), das Nações Unidas, os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e a União Africana. Bissau é a maior cidade do país e a capital da Guiné. Nos arredores de Bissau fica o aeroporto internacional e o porto onde circula todo o comércio externo do país.