SOROCABA E REGIÃO

Personagem folclórica recebe homenagem


 A denominação da rua Nhá Quitéria, na Vila Barão, é antiga, de 1955, ano em que ela morreu. Para o pesquisador Adolfo Frioli, algum bairro da cidade deveria homenagear em suas ruas os diversos personagens folclóricos da cidade. "Assim como Nhá Quitéria, Alzira Sucuri e Maria Picareta, diversos personagens não tiveram vez na história", observa.
 Frioli ressalta que foi publicada pelo jornal "Cruzeiro do Sul" uma foto de Nhá Quitéria em 1954. Na oportunidade ela tinha ido fazer uma visita ao Museu Histórico Sorocabano. "Ela era muito alegre", diz Frioli.
 Na Enciclopédia Sorocabana, o historiador Carlos Carvalho Cavalheiro postou o seguinte verbete sobre ela: "tipo popular sorocabano, negra, ex-escrava, dizia-se que vivera mais de cem anos, faleceu no dia 9 de janeiro de 1955". Ainda conforme Carlos, nas comemorações do terceiro centenário de Sorocaba, Nhá Quitéria comentou como foram os festejos do segundo centenário, além de fatos e personagens da época, como Brigadeiro Tobias, que conhecera pessoalmente.
 Dalva Vieira Custódio, de 76 anos, afirma que conheceu Nhá Quitéria. "Era uma senhora negra que andava de charrete, parece que morava na rua da Penha", recorda.
 O escritor e poeta Benedito Aleixo dedicou uma poesia para Nhá Quitéria em seu livro Celebridades, lançado em 2007, e que presta homenagem a figuras folclóricas da cidade. Ele afirma que escreveu o que seus pais contavam a respeito dela. Em seus versos, o poeta conta que Nhá Quitéria vendia leite nos arredores do Vergueiro, usava chapéu de palha, calça comprida e por cima um vestidão. De acordo com Benedito, ela amarrava o burro no poste, andava com navalha e pisava em lama com o calcanhar rachado.
 Morador da rua Nhá Quitéria há 12 anos, o aposentado Francisco Lemos Theodoro afirma que gosta do nome, mas sente falta de mais informações sobre quem ela foi. "Tentei pesquisar, mas não encontrei nada sobre ela. A gente tem de saber onde está morando, por onde está passando. A rua ao lado, a MMDC, eu fiz um resumo e distribuo para os moradores, para saberem do que se trata a rua onde vivem", conta.