Cachoeira está infestada de sanguessugas
Samira Galli
[email protected]
Além do risco de afogamento, os frequentadores da Cachoeira da Chave, em Votorantim, têm outro motivo para se preocupar: a presença de sanguessugas na água. Quem escolheu o local para se refrescar do calor deste sábado se surpreendeu com a quantidade delas que grudavam principalmente nos membros inferiores. Apesar de pequenos - com pouco mais de um centímetro -, os vermes espantaram a maioria das pessoas que se banhavam principalmente na margem na Cachoeira.
Grávida de sete meses, a dona de casa Denise Rosa, de 21 anos, foi ao local pela primeira vez com toda a família. Mas, depois do marido retirar uma pequena sanguessuga do pé dela, afirma que não sabe se volta ao local. "Enquanto eu estava mais no fundo não senti nada, foi quando saí que vi que tinha um bichinho grudado", disse.
A filha do motorista Nei José Maciel da Paz, de 41 anos, só havia molhado os pés e ele retirou-a rapidamente da água, depois de perceber a presença das sanguessugas. A intenção era aproveitar a tarde de sábado com a menina, mas ele nem bem chegou e já foi embora. "Queria brincar com ela, mas não tem condições", afirmou.
As irmãs Gabriele, 10 e Thaís, 4, ajudavam uma à outra a tirar as sanguessugas das pernas e pés. A amiga Kauane, 9, percebeu a presença do animal no meio do lago formado pela cachoeira, sentou-se na pedra e não queria mais entrar na água. "Tem um monte no meu pé, não para de aparecer", mostrou Kauane. Depois de sair da água, elas mostraram os bichos para as mães, que ficaram assustadas. "Ainda vamos passar o dia aqui, mas é melhor não nadar mais", ressaltou a mãe de Gabriele e Thaís, Mileide de Almeida Estevan, 25.
Uma sanguessuga é um verme que se alimenta de sangue de outros animais, mas muitas espécies também podem se alimentar de caramujos, larvas de insetos e matéria orgânica. Segundo o biólogo Márcio Meiken, esse tipo de sanguessuga encontrada na cachoeira é comum no Brasil, principalmente nessa época do ano, quando as águas ficam mais quentes. "Aqui são encontradas as menores, por volta de um centímetro. Quando ficam cheias de sangue, elas ficam inchadas, mas ainda assim pequenas. As grandes são encontradas em outros países ou na Amazônia", explicou, referindo-se às sanguessugas utilizadas antigamente na Medicina, para realizar as chamadas sangrias.
Meiken afirmou que elas podem aparecer independente da qualidade da água. "Onde a água fica mais parada é mais fácil encontrá-las", disse. Apesar do incômodo, o biólogo garante que o animal não oferece grandes riscos. "Elas não carregam nenhum tipo de patologia, como os caramujos", destacou.
A Prefeitura afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que não registrou nenhuma reclamação em relação às sanguessugas no local. Mesmo assim, garante que a equipe de Zoonoses irá segunda-feira de manhã ao local, com veterinário e técnicos para analisar a presença dos animais. A Prefeitura ainda destacou que não incentiva o uso da cachoeira para banho, devido ao risco de afogamento.
Esgoto
Outra reclamação dos frequentadores é em relação à qualidade da água da cachoeira. Há dois anos vendendo sorvetes no local, Cláudio Ruiz Rodrigues, 61, afirma que a água já foi mais limpa. "De uns seis meses para cá, está muito suja. Tem dias que parece que é esgoto puro", disse. A Prefeitura afirmou que irá encaminhar a reclamação ao Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae).