PRESENÇA

João Rafael Neto: dança e esporte caminham juntos

Um dos principais nomes da cena baiana de BMX, João Rafael Neto, de 28 anos, mais conhecido como "Bailarino", esteve em Sorocaba no último sábado, para apresentação do espetáculo "Bolero de 4", onde faz um diálogo entre a dança contemporânea e as técnicas esportivas da bicicleta BMX. A experiência artística criada por ele com direção do coreógrafo Luís de Abreu, chamou a atenção do público, tanto pela dificuldade das manobras quanto pela expressão do dançarino-performer. O espetáculo, que geralmente ocorre em espaços públicos, já foi reconhecido por suas qualidades artísticas e, por isso, segue temporada nos circuitos Sesc de dança.

Natural de Pernambuco e recentemente morando em Salvador, Rafael acredita na proximidade do espetáculo com o público. "O objetivo é transformar a acrobacia em algo mais lúdico para o esporte", revela. Durante o espetáculo o dançarino-performer expressa sentimentos, constrói discursos e diálogos numa linguagem própria criada em cena. O bolero dançado sobre duas rodas é uma dança circular proposta para praças urbanas. Sua trilha sonora, o bolero de Ravel, de Maurice Ravel, compõe dramaturgicamente a obra desvendando aos transeuntes do local as relações estabelecidas de parceria, dueto ou "pax-de-deux", entre os corpos na cena, envolvendo e conduzindo o público numa viagem desta relação íntima de amor e conflito.
A mistura estética dos esportes de BMX Street e Le Parkour com a dança propõe uma obra diferenciada e dinâmica que desloca o esporte para o ambiente artístico e vice-versa, criando outros significados e propósitos na cena de rua.
O que chama a atenção de quem assiste é a habilidade com que Rafael chega a desmontar a bicicleta durante o espetáculo, equilibrando-se em algumas partes que se movem, ou seja, em apenas uma das rodas. Enquanto desenvolve a dança, ele chega a jogar as peças que se soltam. "Eu chamo de "esportes errantes", que se aprende na prática". Questionado sobre o custo de uma bicicleta para o trabalho que desenvolve, Rafael comentou que para uso profissional em espetáculo existem bicicletas que chegam a custar R$ 5 mil e revela que gasta em média R$ 2 mil para cada nova manutenção.