SOROCABA E REGIÃO

Pirapitingui tem 261 pacientes; na década de 1960 eram 4 mil

Giuliano Bonamim
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O Hospital Dr. Francisco Ribeiro Arantes, mais conhecido como Pirapitingui, teve o seu auge na década de 1960 quando comportava aproximadamente 4 mil portadores de hanseníase ao mesmo tempo. Neste Dia Mundial de Combate à Hanseníase, celebrado hoje, 261 pacientes vivem na área de 242 mil metros quadrados (equivalente a 24 campos de futebol) no bairro Cidade Nova, em Itu. Essa queda na quantidade de moradores do único estabelecimento de saúde asilar para hansenianos do Estado de São Paulo se deve ao fim da obrigatoriedade da internação compulsória e à evolução do tratamento da doença.

Entre os 261 pacientes, 184 vivem em residências com quarto, sala, cozinha e banheiro construídas na década de 1930 para abrigar os hansenianos dentro do Pirapitingui. Os demais 74 são considerados doentes crônicos, mantidos nas enfermarias, e outros três estão em fase de avaliação médica para identificar o grau da doença. Segundo o diretor técnico substituto do Pirapitingui, Celso Aparecido Fattori Júnior, há 303 residências na área do hospital. Além das 184 usadas pelos pacientes, 67 estão abandonadas, 46 são utilizadas por familiares dos internos e seis são invadidas. "Entramos na Justiça para que esses invasores desocupem a área para, futuramente, demolirmos as respectivas casas", diz Fattori Júnior.

O hospital hoje mais parece um bairro de Itu. No local existe um centro de saúde para a comunidade construído pelo governo municipal, além de bares, mercearias e até igrejas de diversas religiões. As ruas são iluminadas, o sistema de coleta de resíduos funciona, mas o mato é visível em praticamente todos os quarteirões. Mesmo com essas características, a direção do Pirapitingui mantém uma barreira na portaria para evitar a entrada imediata dos automóveis. O visitante precisa se identificar para conseguir entrar, seja para visitar familiares ou se consultar nos postos de saúde. De acordo com o Fattori Júnior, o controle também serve para evitar caos de furto ou roubo no local.

O número de pacientes na instituição tem caído neste século, segundo pesquisas feitas no hospital pelo governo do Estado. Em 2000 havia 591 internos. A quantidade diminuiu para 340 em 2008, 302 em 2009 e 295 em 2010. Essa queda reflete a situação da doença em todo o país. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil tem mantido a redução na incidência da hanseníase. Entre 2010 e 2011, o coeficiente de detecção de casos novos caiu 15%. Entre menores de 15 anos, este percentual baixou 11%. O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, disse que o governo Federal tem obtido avanço sustentado no combate à hanseníase. "Queremos ampliar esse esforço para obter a eliminação da doença como problema de saúde pública no país", comenta.

A meta do Plano de Eliminação da Hanseníase, estabelecido em 2011, é que haja menos de um caso de hanseníase para cada grupo de 10 mil habitantes até 2015. Além disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) trabalha para reduzir em 26,9% o coeficiente de detecção de casos novos em menores de 15 anos, aumentar o percentual de cura (90% dos casos novos) e examinar 80% dos contatos intradomiciliares dos casos novos de hanseníase.