Corte de árvores gera polêmica no Mangal
André Moraes
[email protected]
O corte de cinco árvores no bairro Mangal gerou indignação à auxiliar administrativa Rosângela Rufino, 46 anos, que resolveu escrever uma carta, num manifesto pacífico. Os exemplares, da espécie sibipiruna, estavam plantados na calçada de um ateliê de artes plásticas, na rua Gustavo Teixeira, e foram retiradas entre segunda e terça-feira. De acordo com a proprietária do local, Fernanda Monteiro, 32 anos - que pediu o corte das árvores - a Secretaria do Meio Ambiente (Sema) emitiu uma autorização, em dezembro do ano passado, para que elas fossem ceifadas, já que a artista plástica alega que o imóvel estava sofrendo problemas estruturais por causa das raízes.
Na última segunda-feira, a auxiliar administrativa, que trabalha perto da rua Gustavo Teixeira, se assustou ao ver que as árvores estavam sendo cortadas. "Eu escutei o barulho da motosserra e, por curiosidade, fui ver o que era e me deparei com o pessoal da Prefeitura cortando as árvores", conta ela, que chegou até a chorar no local, já que se diz "apaixonada" pela natureza. "Eu achei um absurdo, pois as árvores eram bem estrondosas", sentencia Rosângela.
As árvores estavam plantadas há vários anos ao redor do imóvel, que fica na esquina com a rua Nelson Mascarenhas. Já que as espécies eram muito grandes, a auxiliar administrativa relata que o que mais vai sentir falta é da sombra que elas faziam no local. "Eu estou achando que a cidade está esquentando muito, pois se derruba uma árvore e se não planta outra no mesmo local, eles plantam muito longe. Com isso, os pedestres sentem a falta de uma sombra nas calçadas", diz.
Para protestar contra essa situação, Rosângela decidiu escrever uma carta, que foi colada em postes e até mesmo no muro do ateliê. No documento, ela faz muitos questionamentos direcionados à proprietária do imóvel, sobre o motivo do corte das árvores. "Pergunto à mandante do "crime" e daquele que autorizou o "sacrifício": foi feita uma vistoria minuciosa para saber se realmente necessitava tamanha crueldade? Houve laudo técnico? Todas estavam danificando a propriedade, meus caros? Porque, sabemos, há soluções menos agressivas, não há? Ou vocês optaram pela mais prática? O sacrifício de cinco árvores", indaga.
Necessário e autorizado
A artista plástica Fernanda Monteiro alega estar tranquila sobre as acusações de Rosângela, pois possui todas as autorizações da Secretaria de Meio Ambiente para o corte das árvores. Segundo ela, a retirada das espécimes de sua calçada foi necessária, já que as mesmas estavam comprometendo a estrutura de seu imóvel, além de estarem "doentes", o que foi comprovado por laudo técnico da Sema.
"Ela já estavam condenadas, pois havia um bicho nelas, chamado broca, que comeu o tronco delas por dentro", explica, comprovando sua teoria ao mostrar os tocos das árvores que restavam em sua calçada, que apresentavam grandes buracos em seu interior. "E não pensem que eu não fiquei triste por ter tirado as árvores daqui, pois sou artista plástica, então sou uma pessoa sensível. Mas o problema é que isso foi necessário", ressalta.
Além de estarem "doentes", as sibipirunas trouxeram diversos problemas para Fernanda ao longo dos anos. As raízes das espécimes, que são grandes, estavam invadindo o ateliê e ainda causaram elevações na calçada do imóvel. "Então eu fiquei preocupada, pois a calçada tem grande circulação de pessoas e muitas delas estavam tropeçando aqui. Não tinha como eu arrumar isso sem o sacrifício das árvores, infelizmente", diz a artista, que mostrou ainda rachaduras no teto do ateliê, que foram causadas por infiltrações, por as pequenas folhas das árvores terem entupido as calhas.
Como forma de minimizar a situação, Fernanda afirma que decidiu contribuir com a arborização da cidade, com a doação de 175 mudas de árvores, que serão encaminhadas ao viveiro do Parque Natural "Chico Mendes".