CBA faz Alumínio consumir mais energia do que uma metrópole
Amilton Lourenço
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O recebimento mensal da conta de luz muitas vezes gera estresse para muitos clientes, que reclamam do alto consumo registrado nas faturas e, principalmente, dos valores cobrados pelas distribuidoras. Porém, existem consumidores com problemas bem maiores quando o assunto é gasto de energia elétrica. A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) é um deles. Para manter sua produção na cidade de Alumínio, na região de Sorocaba, a empresa utiliza o equivalente a 5,46 bilhões de KWh por ano (dados da Secretaria Estadual de Energia), o mesmo que é consumido pela metade das unidades residenciais da cidade de São Paulo no mesmo período. Por essa razão, a empresa produz 70% da energia elétrica que consome e acaba de investir R$ 16 milhões em um Centro Operacional do Sistema de Energia. O projeto, que foi desenvolvido em parceria com a Siemens, interliga as 15 subestações de energia da empresa por meio de fibra óptica e garante aumento na disponibilidade de energia, oferecendo, assim uma operação ainda mais confiável.
O projeto teve duração de quatro anos, desde a concepção, implantação e realização de testes em campo. De acordo com o gerente de Alta Tensão e Retificação da empresa em Alumínio, José Adail Rosada, o tempo de resposta para a identificação de um problema se tornou muito mais ágil. "É uma garantia de que o produto sempre será distribuído no prazo."
A estruturação do projeto envolveu aproximadamente 15 profissionais da empresa e mais de 100 gerenciados pela Siemens. Além do desenvolvimento do sistema, o trabalho incluiu a criação do espaço físico para a sala de controle, instalação e padronização de todos os equipamentos da fábrica e de 53 novas câmeras de monitoramento, sistema de telemedição de energia para faturamento interno de energia e a interligação por meio de fibra óptica de todas as centrais telefônicas. A sala de comando conta com um layout que permite total interação entre os colaboradores. O sistema faz ainda a supervisão e registro histórico de aproximadamente 32.300 pontos, sendo que neste projeto a previsão é de até 60.000 pontos de monitoramento.
"Foi um grande desafio desenvolver esse projeto, pois tínhamos que desenhar uma solução que atendesse às necessidades específicas da Votorantim Metais em Alumínio, adequar as soluções já existentes na empresa e modernizá-las, além de minimizar os impactos durante a implementação, já que a fábrica não poderia parar", afirma o engenheiro da Siemens responsável pela implantação do sistema na CBA, Alex Assad. "Este projeto é um dos mais complexos fornecidos pelo setor Smart Grid e permite uma gestão integrada de toda rede de energia e comunicação dentro da planta do cliente", completa Assad.
Alto consumo
De acordo com dados da Secretaria Estadual de Energia, enquanto todas as residências da cidade de São Paulo gastam 11.127.288.780 de KWh (dados de 2010), a área industrial de Alumínio, onde está instalada a CBA, gasta aproximadamente 5,46 bilhões de KWh. Esse consumo é bem superior, por exemplo, ao do município de Sorocaba que totaliza 1,87 bilhão de KWh, distribuídos em: residencial (0,106 bilhão de KWh), rural (0,0074 bilhão de KWh), comercial (0,003 KWh), e iluminação pública, poderes públicos, serviços públicos e consumo próprio (0,140 bilhão KWh).
O gasto
De acordo com a assessoria de comunicação da empresa, em média, em qualquer indústria de alumínio do mundo, para produzir 1kg de alumínio é preciso utilizar 15KW/h de energia. Ou seja, o processo de fabricação do alumínio tem um consumo elevado. De acordo com a Associação Brasileira do Alumínio (www.abal.org.br), em 2008 o Brasil teve um consumo médio de 14,9 MWh para 1 tonelada de alumínio, enquanto que em outros países do mundo o índice ficou em torno de 15,4 MWh. Ainda de acordo com a assessoria, a empresa tem capacidade de produção de 475 mil toneladas/ano.